2023 foi o ano com o maior nível de elevação dos mares
A Organização Meteorológica Mundial (OMN) realizou o estudo “O Estado do Clima na América Latina e no Caribe em 2023” mostrou que o último ano registrou a maior elevação dos mares da história, com destaque para trechos da faixa litorânea brasileira. O professor do Instituto de Energia e Ambiente Universidade de São Paulo (IEE-USP), Michel Michaelovitch Mahiques, disse que o aquecimento do planeta é responsável pela subida absoluta do nível do mar, na medida em que ocorre o degelo das calotas. “Analogamente, nos períodos glaciais, a água fica aprisionada nas calotas e o nível absoluto diminui. Mas, o que é importante observar é que, na maioria das vezes, o que se mede, na linha de costa, é o nível do mar relativo que, além de considerar o volume de água, também a movimentação da crosta terrestre, dentro de outros fatores”.
O especialista explica que, em muitos casos, a erosão da linha da costa acompanha a subida do nível do mar. Estes processos de subida e descida do nível do mar acompanham variações astronômicas, em escalas de dezenas a centenas de milhares de anos, conhecidas como variáveis de Milankovitch. “O que acontece é que, sobre as variáveis de Milankovitch, nos últimos 200 anos, aproximadamente, a ação humana tem introduzido os chamados gases estufa, na atmosfera, o que tem levado a um aumento da temperatura média do planeta e, portanto, à tendência de subida do nível do mar”. A ocorrência do nível vem provocando efeitos negativos em países como Bangladesh. Superpovoado e com considerável parte do território localizado próximo ao nível do mar, o local sofre com a erosão a salinização dos poços de água e a necessidade de deslocamento de uma parcela maciça da população.
Além de contar com características de relevos diferentes nos 270 municípios costeiros e que respondem de formas únicas às variações relativas do nível do mar, o Brasil não contempla de políticas que favoreçam à preservação da faixa litorânea contra processos erosivos costeiros e que, aliados às mudanças climáticas afetam seu estado inicial. O evento afeta, ainda, a infraestrutura viária próximas às praias. “Muito importante, também, é que, dependendo do relevo, haverá o desaparecimento de manguezais, que são um bioma importantíssimo no ciclo de vida de muitas espécies”, alerta o professor do IEE. O estudo completo pode ser visto em https://library.wmo.int/viewer/68891/?offset=#page=6&viewer=picture&o=bookmark&n=0&q=.