Aldeia paulista recebe projeto de saneamento sustentável
Uma parceria entre a ONG Biosaneamento e a Mosaic Fertilizantes tem ajudado a comunidade indígena Guarani M’bya, que está há aproximadamente sete meses instalada no território de 532 hectares em Jaraguá, zona Norte da cidade de São Paulo. O projeto desenvolvido para os índios contribui para eles lutem pelo direito de preservar a cultura Guarani M’bya, proteção da Mata Atlântica, do bem viver com o plantio da roça Guarani e proteção das nascentes.
O plano é reflorestar com árvores nativas e frutíferas as áreas da aldeia. Atualmente, algumas dessas áreas têm o plantio de eucalipto, que deverá ser substituído por Cedros, Pau-Brasil, Aroeira, Paineira, Palmeiras e etc. Desta forma, será possível recuperar nascentes no local, já que o Eucalipto é uma espécie importada da Austrália e para o território é prejudicial, podendo empobrecer o solo e secar as nascentes. “Demarcação dos territórios indígenas, tradicionalmente ocupados há milhares de anos, são essenciais para a preservação ambiental e troca cultural. Com proteção das nascentes, equilíbrio climático e sustentabilidade com o plantio do roçado indígena, teremos alimentos orgânicos, pomares e meliponários com a criação de abelhas nativas sem ferrão”, ressalta Neusa Poty, líder da comunidade indígena. Para Neusa, é essencial que haja homologação da demarcação do território, registro de endereço oficializando logradouro, continuidade no apoio à saúde e educação com a preservação e respeito à cultura tradicional Guarani M’bya. A líder indígena cita ainda que apesar dos desafios e conflitos encontrados desde o início da ocupação do território, é aguardado que o poder público seja um grande aliado nesta luta e que sirva de exemplo para outros povos que precisam ocupar seus espaços e trabalhar na preservação de sua cultura e do meio ambiente.
O projeto prevê uma cozinha com banheiro e um biodigestor que produzirá gás a partir do esgoto e lixo orgânico, além de um banheiro coletivo separado com esgoto tratado com um vermifiltro. Luiz Fazio, presidente da ONG Biosaneamento - organização que atua na universalização do saneamento básico - levar saneamento sustentável e criar estrutura para esta comunidade em crescimento é fundamental para mantê-los prestando os serviços ambientais e preservação da sua cultura, além de ser mais do que necessário e justo. “Ocupar uma parte da área indigena que estava desocupada é fundamental para que não seja invadida. Ao salvaguardar as terras indígenas, o Brasil reforça sua responsabilidade ambiental e social, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva, sustentável e respeitosa com a diversidade que constitui a riqueza única do país”, destaca Luiz.