Exportações crescem 256% em junho

16/07/2023
Isto representa 12 mil toneladas a mais do que no ano passado

Segundo dados do Ministério da Economia, Secex, as  exportações de sucata ferrosa somaram 45.673 toneladas em junho de 2023, um aumento de 256% na comparação om o mesmo mês do último ano (12.830 toneladas). No primeiro semestre do ano, as exportações alcançaram 353.386 toneladas, uma expansão de 52,6% em comparação às 231.498 toneladas de janeiro a junho de 2022. 

Para Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa), há uma forte retração das compras no Brasil, com baixa coleta de material e consumo reduzido das usinas siderúrgicas e fundições, diante de um mercado de aço também em queda. “As indústrias da construção e montadoras diminuem as compras de aço e consequentemente há retração também na demanda pelo insumo, a sucata metálica”, afirma. Alvarenga complementa que apesar de não ser o foco principal do setor, as vendas externas são atualmente uma das únicas opções das recicladoras para “tentar manter as operações e evitar o fechamento de empresas”. Além disso, os preços no mercado interno, fundamental para os negócios das empresas, continuam em queda. 

A S&P Global Platts, agência norte-americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarkets para o mercado de commodities, ouviu um reciclador que disse que a estratégia das siderúrgicas é forçar “preços mais baixos e tentar causar um sentimento de que o mercado está desaquecido” para obter valores menores nas compras. “A sucata ferrosa brasileira passou por um período de queda contínua nos últimos 12 meses, com preços reduzidos quase pela metade, conforme dados históricos da Platts”, mostra o levantamento. No mercado externo, também já se constata, apesar do aumento momentâneo nas exportações, uma baixa nos preços.

Uma das grandes preocupações das recicladoras no momento é com a reforma tributária. A PEC aprovada na Câmara dos Deputados praticamente ignorou a importância do setor, essencial à preservação do meio ambiente, com a coleta e adequada destinação de materiais poluentes, e na geração de empregos. São mais de 50 mil catadores cooperados e 1 milhão de autônomos, que atuam na informalidade e dependem da atividade para sobreviver. A venda de insumos reciclados passará a ser tributada integralmente pelos novos tributos (IBS e CBS), a uma alíquota que vem sendo estimada em cerca de 25%, segundo a Inesfa. O crédito presumido, exposto no texto da reforma, não deverá resultar no benefício efetivamente necessário para o incentivo à cadeia de reciclagem. “O setor que mais contribui com o meio ambiente não recebe a atenção necessária para avançar os números da reciclagem no País. Se isso não bastasse, o texto da reforma tributária ainda piora as condições da cadeia do setor”, diz Alvarenga. 

As indústrias de papel e plástico estão voltando para economia linear, pois usam cada vez menos reciclados em seus processos por causa do custo menor da matéria-prima virgem. Com isso, conforme Alvarenga, teremos cada vez mais materiais descartados em aterros, lixões e locais inadequados.