Fenasan 2024 mostra avanços e tendências no saneamento

A 35ª edição da Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente (FENASAN), realizada no Expo Center Norte em São Paulo, atraiu um público de 34 mil visitantes e reuniu mais de 300 expositores interessados em mostrar inovações tecnológicas e promover o desenvolvimento sustentável.

Com o cenário promissor no Brasil, onde investimentos em infraestrutura e sustentabilidade estão em plena expansão, a FENASAN consolidou-se como um ponto de encontro essencial para empresas, gestores públicos, engenheiros e pesquisadores discutirem o futuro do setor. Segundo estimativas de mercado, o saneamento básico deve receber investimentos significativos nos próximos anos, impulsionado pela urgência de universalizar os serviços de água e esgoto.

Em 2024, a feira destacou como tema central a transição para um saneamento mais sustentável, alinhado com as exigências ESG (ambiental, social e governança). Os expositores trouxeram inovações que visam à eficiência energética e ao uso consciente dos recursos naturais, fatores fundamentais para o sucesso e a perenidade dos negócios no setor.

O conselheiro das revistas Saneamento Ambiental e Brasil Mineral, Eugenio Singer, PhD em Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos pela Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, ressaltou as inovações e tendências observadas na FENASAN. “O que achei de mais inovador na FENASAN foram produtos da Amanco Wavin de resiliência climática urbana, desenvolvidos para mitigar inundações em áreas alagáveis, além de toda a parte de automação em monitoramento, como os produtos da imagem para controle de perdas, entre outros temas. A Royal Haskoning apresentou seu projeto Nereda, que há mais de uma década vem sendo desenvolvido e agora está pronto para implantação na estação novo mundo da Sabesp. A Chart Water também está produzindo no país o sistema SDOX de oxigenação hiperbárica para despoluição de recursos hídricos, implementado com grande sucesso no Rio Pinheiros e no córrego Joana, no Rio de Janeiro."

Singer ainda destacou o papel da FENASAN na formulação de políticas públicas para o saneamento básico. “A FENASAN se consolidou, junto com o Marco do Saneamento no Brasil, como a feira do setor. A edição de 2025 já tem 75% dos espaços reservados. Com a privatização da Sabesp, surgem novos desafios, como a descentralização da empresa da capital e sua maior integração com o interior. Água deve ser tratada de forma diferenciada de outras commodities por ser um bem essencial. A meta de universalização do abastecimento e tratamento é desafiadora. A FENASAN, na minha opinião, deveria focar também em pesquisa e desenvolvimento, um assunto ainda ausente das concessionárias. Os projetos ainda são obsoletos, e, com o advento da nanotecnologia e da inteligência artificial, é necessário sair da caixa, ou do tanque, para inovar em saneamento. Trabalhar a tarifa social, a inovação, o tratamento para áreas rurais e o acesso a financiamentos mais acessíveis são desafios que uma feira como a FENASAN deveria impulsionar. Na questão da governança, seria essencial envolver as comunidades para trazer problemas e soluções ao setor."

Outro conselheiro da revista Saneamento Ambiental, Jair Rosa Claudio, engenheiro civil e sanitarista e consultor em gestão ambiental e sustentabilidade, também compartilhou sua visão sobre a feira: “Chama a atenção a diversidade de fornecedores nacionais e estrangeiros de tecnologias e equipamentos convencionais para suporte aos serviços municipais e concessionados de limpeza pública e saneamento básico.”

A FENASAN 2024 foi muito mais que uma vitrine para lançamentos e tecnologias inovadoras, revelando-se também como um espaço de reflexão sobre o futuro do saneamento e sua importância para a sustentabilidade global. O evento demonstrou o papel fundamental do setor na construção de um mundo mais verde, sustentável e acessível a todos.