Garimpo dispara na Amazônia Legal
Segundo dados do MapBiomas, a área de garimpo passou de 99 mil hectares para 196 mil hectares entre 2010 e 2021. A mineração industrial, por sua vez, precisou de duas décadas para passar de 86 mil hectares de área ocupada em 2001 para os 170 mil hectares registrados em 2021. Este é o terceiro ano consecutivo no qual mais território é ocupado pelo garimpo do que pela mineração industrial. “A série histórica mostra um crescimento ininterrupto do garimpo e um ritmo mais acentuado que a mineração industrial na última década, além de uma inequívoca tendência de concentração na Amazônia, onde se localizam 91,6% da área garimpada no Brasil em 2021”, explica Cesar Diniz, coordenador técnico do mapeamento. Na série histórica, o garimpo só suplantou a área ocupada pela mineração industrial no final do século passado, entre 1989 e 2000.
Os estados do Pará e Mato Grosso respondem por 71,6% das áreas mineradas no país, mas quando o garimpo é considerado isoladamente, o percentual sobe para 91,9%. São 113.777 hectares de garimpo no Pará e 59.624 hectares no Mato Grosso. Quatro dos cinco municípios brasileiros com maior área de garimpo ficam no Pará: Itaituba (57.215 hectares), Jacareacanga (15.265 hectares), São Félix do Xingu (8.126 hectares) e Ourilândia do Norte (7.642 hectares). Em terceiro lugar ficou Peixoto do Azevedo, no Mato Grosso, com 11.221 hectares.
Entre 2010 e 2021, as áreas de garimpo em terras indígenas cresceram 632%, e ocuparam quase 20 mil hectares no ano passado. A terra indígena mais explorada foi a Kayapó, na qual 11.542 hectares foram tomados pelo garimpo até 2021, seguida pelo território Munduruku, com 4.743 hectares, a terra Yanomami, com 1.556 hectares, a Tenharim do Igarapé Preto, com 1.044 hectares, e o território Apyterewa, com 172 hectares. O garimpo cresceu 352% dentro de Unidades de Conservação entre 2010 e 2021. A série histórica mostra que a área ocupada até 2010 encontrava-se abaixo de 20 mil hectares. Em 2021 foram quase 60 mil hectares, dos quais dois terços localizados na APA do Tapajós, onde o garimpo já ocupa 43.266 hectares. Em segundo lugar vem a Flona do Amanã, com 5.400 hectares, seguida pela Flona do Crepori (1.686 hectares), a Parna do Rio Novo (1.637 hectares) e a Flona do Jamari (1.191 hectares).
Em 2021, a Amazônia concentrava 242.564 hectares de área minerada (ou seja, somando garimpo e mineração industrial). No caso da Mata Atlântica, esse total é de 63.892 hectares; no Cerrado, 46.070 hectares. A liderança da Amazônia permanece quando é analisado apenas o garimpo, com 179.913 hectares. O Cerrado assume o segundo lugar, com distantes 13.253 hectares; a Mata Atlântica, por sua vez, concentra 2.299 hectares. No caso da mineração industrial, existe quase um equilíbrio entre a área ocupada na Amazônia (62.650 hectares) e na Mata Atlântica (61.593 hectares). Outros 32.817 hectares ficam no Cerrado. A diferença acontece em Minas Gerais, estado que lidera a modalidade industrial, com quase metade (46,9%) do total nacional, ou 61.181 hectares. Os outros estados com maior área de mineração industrial são Pará (42.216 hectares), Goiás (11.606 hectares), Amazonas (8.166 hectares) e Bahia (7.442 hectares). Juntos, Minas Gerais e Pará respondem por 79,2% da área de mineração industrial brasileira.
A diferença entre mineração industrial e garimpo acontece também em relação às substâncias minerais exploradas. Enquanto a mineração industrial tem foco mais diversificado (Fe, Al, Cu, Ni e outros) o garimpo é concentrado em poucas substâncias (Au e Sn): 83% da área ocupada por garimpo está relacionada à extração de ouro e 7% de estanho. No caso da mineração industrial, 22% da área é de mineração de ferro, 20% de alumínio e 12% de calcário.