Greentech desenvolve tecnologia de monitoramento de adubo orgânico

06/02/2025
A solução foi o desenvolvimento de uma tecnologia que monitora de ponta a ponta, desde sua origem até sua transformação total em fertilizante, o caminho dos insumos de origem orgânica.

A Tera Ambiental e a greentech Carrot.eco firmaram parceria para desenvolver o primeiro adubo orgânico rastreado por inteligência artificial. A ideia surgiu para enfrentar um dos maiores desafios na destinação correta de resíduos orgânicos pelas grandes empresas que é a comprovação de que todo o material foi realmente transformado em adubo. Atualmente, nenhuma empresa que destina seus resíduos para pátios de compostagem consegue comprovar a totalidade do que foi reciclado. A garantia é apresentada pela empresa que produz o fertilizante, mas sem mecanismos de rastreio, o processo é sujeito a falhas e fraudes.

A solução para este problema foi o desenvolvimento de uma tecnologia que monitora de ponta a ponta, desde sua origem até sua transformação total em fertilizante, o caminho dos insumos de origem orgânica. Para tornar a cadeia segura e transparente, a Carrot.eco integrou seu software, que tem como base a tecnologia de segurança de blockchain, mesma usada na segurança de transações de criptoativos, ao sistema de logística da Tera Ambiental. Com o mapeamento das massas de lodo de esgoto, principal matéria-prima do adubo produzido pela Tera, até a produção final do fertilizante, a tecnologia resolve o problema de confiabilidade e transparência do processo.

Além disso, a tecnologia ajuda no controle de emissões, pois o adubo orgânico emite menos gases de efeito estufa e ajuda a otimizar o uso de fertilizantes minerais e nitrogenados. Segundo um estudo recente publicado na Earth System Science Data, os níveis de óxido nitroso na atmosfera estão 40% maiores em comparação a 1980. O gás, 300 vezes mais potente que o CO2, está especialmente ligado à produção de fertilizantes à base de nitrogênio. A parceria permitiu ainda a geração de créditos de reciclagem, que serão vendidos a empresas e investidores do setor ambiental. O crédito funciona como um comprovante de destinação correta e pode ser usado como instrumento de compensação por empresas que não conseguem reciclar todos os seus resíduos.

A Tera Ambiental produz cerca de 30 mil toneladas anuais de fertilizantes orgânicos em sua planta em Jundiaí (SP). O projeto com a Carrot.eco ainda é experimental, mas a empresa pretende escalar o processo. A Tera transforma resíduos orgânicos de diversas origens dos setores industriais, agroindustriais e urbanos, em lodo gerado no tratamento de esgotos do município de Jundiaí (SP). “Com esta auditoria em blockchain agregaremos valor ao nosso produto. As empresas que encaminham seus resíduos para a Tera passam a ser as primeiras no país a ter a garantia de 100% de reciclagem de seus resíduos orgânicos. Quem compra nosso adubo, sabe que ele contribui com a redução de emissões e foi feito em parceria com empresas com responsabilidade ambiental”, afirma Lívia Baldo, diretora da Tera Ambiental. A Carrot.eco aposta na necessidade de escalabilidade da economia circular, especialmente com as notícias de extremos climáticos se tornando mais comum a cada dia. Não há dados oficiais, mas estima-se que apenas 0,1% dos resíduos orgânicos no Brasil sejam reciclados. “O resíduo orgânico é 100% reciclável. Nossa meta é conectar a cadeia de grandes geradores, transportadores e recicladores para que não seja necessário enviar resíduos orgânicos para aterros e lixões. É o que sempre dizemos, se dobrarmos a circularidade, resolvemos 50% dos problemas climáticos globais”, afirma Ian McKee, CEO da Carrot.eco. O interesse pelo negócio chamou inclusive a atenção de municípios da Califórnia, nos Estados Unidos. Além disso, a Carrot.eco foi convidada pela AWS, empresa da Amazon, para falar da tecnologia no Climate Week, nos Estados Unidos, no último mês.