Mata Atlântica terá edital com R$ 1,8 milhão
O Fundo Casa Socioambiental inaugurou o Programa Mata Atlântica, com o lançamento do edital “Fortalecendo Comunidades para Conservação e Revitalização da Mata Atlântica e Resiliência Climática”. O edital destinará R$ 1,8 milhão para inciativas de base comunitária na região abrangida pelo bioma. Os interessados em participar podem se inscrever entre os dias 27 de maio e 27 de junho pelo link www.casa.org.br/chamadas.
O edital apoiará cerca de 45 projetos com recursos de até R$ 40 mil destinados para cada iniciativa. Os recursos foram doados pela MacKenzie Scott, que premiou 16 organizações brasileiras em 2022, entre elas o Fundo Casa. A chamada é destinada a associações comunitárias, organizações de base e comunidades locais que atuam com enfoque socioambiental em territórios nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A escolha dos estados levou em consideração a localização dos principais remanescentes da floresta e, também, as regiões que sofrem as maiores ameaças, como a especulação imobiliária. Os eixos temáticos do edital estarão relacionados à restauração com base em sistemas agroflorestais, fortalecimento comunitário, geração de renda, comunicação e educação comunitária.
Claudia Gibeli, gestora de programas do Fundo Casa Socioambiental, diz que a chamada é importante pois irá beneficiar um bioma que tem dificuldades em mobilizar recursos, já que boa parte dos financiadores costumam focar na Amazônia. "A Amazônia é muito importante em termos de preservação da biodiversidade, comunidades tradicionais e para o equilíbrio do clima do planeta, contudo, não podemos desconsiderar o papel da Mata Atlântica também com relação à preservação da biodiversidade, produção de água e alimento, assim como as comunidades tradicionais que vivem neste bioma e que são fundamentais para a subsistência de um número considerável de pessoas”. O Fundo Casa atua para apoiar na medida adequada organizações que estão começando, ou que possuem dificuldade para acessar recursos de outra maneira, porém, com uma visão sistêmica e distribuída, impulsionando processos positivos para organizações, comunidades e o meio ambiente. Em 2022, cerca de 65% dos apoios do Fundo Casa foram destinados aos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga, ante 25% destinados à Mata Atlântica. Com a criação do Programa Mata Atlântica, a expectativa é que os apoios possam ser melhor distribuídos.
A Mata Atlântica abriga mais de duas mil espécies de fauna e 20 mil espécies vegetais, além de ter 72% da população brasileira concentrada em regiões de seu domínio e garantir o abastecimento de água para mais de 100 milhões de pessoas. Entretanto, o bioma segue sendo um dos mais ameaçados do planeta, constituindo-se em um dos 36 hotspots de biodiversidade (lugares que possuem uma biodiversidade extremamente rica e, ao mesmo tempo, ameaçada de extinção, especialmente pela ação humana). O bioma foi decretado Reserva da Biosfera pela Unesco e Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988 mas, restam apenas pouco mais de 12% da mata original, sendo a floresta mais devastada do Brasil.
A Mata Atlântica abriga ainda comunidades tradicionais quilombolas, indígenas e caiçaras, com associações e cooperativas que buscam fortalecer os trabalhos desenvolvidos de forma integrada ao ambiente. A recuperação e restauração da Mata Atlântica é uma oportunidade para combater as mudanças climáticas e contribuir para que o Brasil cumpra seu compromisso de mitigação da emissão de gases do efeito estufa e ajudar a mitigar a pobreza, produzindo alimentos e oportunidades de geração de renda.