Pantanal perdeu uma cidade de São Paulo entre 2019 e 2022
Segundo novo relatório do Mapbiomas, o Pantanal registrou mais de 101 mil hectares de áreas desmatadas entre 2019 e 2022, uma área próxima ao tamanho da cidade de São Paulo. O ano de 2023 registrou um dos piores números do triênio, com 31.211 hectares devastados entre florestas úmidas, campos naturais e formações savânicas.
O estudo aponta que o Pantanal é o bioma que mais sofre entre os brasileiros em área desmatada, além de ter Mato Grosso do Sul com metade das ocorrências alocadas em propriedades do município de Corumbá. O Mapbiomas explica que isso e decorrente das lacunas grandes na legislação do Estado, além da ausência de uma legislação federal para o bioma, de acordo com o diretor executivo do SOS Pantanal, Leonardo Gomes. “Recebemos com enorme preocupação os dados apresentados pelo MapBiomas, visto que eles revelam um processo de intensificação do desmatamento no Pantanal, principalmente no Mato Grosso do Sul, e possivelmente um processo irreversível do ponto de vista da integridade ecológica e dos serviços ecossistêmicos de suporte e regulação. A legislação do Mato Grosso do Sul para o bioma não apresenta embasamento científico suficiente para os limites de desmatamento estabelecidos, tampouco prevê um processo de licenciamento ambiental adequado para as características de sua flora. Faz-se urgente a promulgação de Lei Federal, conforme previsto pela Constituição Federal, que contemple todo o bioma e sua diversidade de hábitats, com base em evidências científicas e participação dos diversos setores da sociedade impactados”.
Entre 2019 e 2022, Mato Grosso desmatou 9.500 hectares, dos quais quatro mil hectares só em 2022. No Mato Grosso do Sul foram 91 mil hectares desmatados, sendo 26 mil hectares no ano passado. Com média de 85 hectares diários desmatados em 2022, o Pantanal, neste mesmo período, registrou 266 alertas de ação ilegal contra a flora e fauna locais. “Trata-se de um refúgio que abriga as maiores concentrações de espécies ameaçadas, como onça-pintada, ariranha e arara-azul. Essa supressão acelerada da vegetação nativa coloca em risco essas populações, que encontram no Pantanal um de seus últimos refúgios. Essa é mais uma ameaça que se soma as outras que o Pantanal enfrenta e, se não conseguirmos puxar esse freio logo, esse bioma tão imponente - mas tão frágil ao mesmo tempo -, pode deixar de existir do jeito que é hoje em pouco tempo”, afirma Gustavo Figuerôa, diretor de comunicação do SOS Pantanal. O estudo completo pode ser visto no http://mapbiomas.org.