Partindo da premissa "Sistemas alimentares mais saudáveis, pessoas mais saudáveis", o Greenpeace se uniu à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e à Associação Brasileira de Agroecologia (ABA-Agroecologia) para produzir conteúdos para divulgar o potencial da agroecologia no fortalecimento da saúde individual e coletiva, e no enfrentamento de diversas crises que o Brasil atravessa atualmente. "Saúde, alimentação e meio ambiente são direitos de todas as pessoas, garantidos pela Constituição. Mas esses direitos têm sido desrespeitados por quem mais deveria promovê-los: o governo brasileiro tem escolhido investir bilhões em um modelo de produção de alimentos que adoece e mata - seja pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, pela devastação ambiental que provoca ou pelas injustiças sociais que promove", diz a coordenadora da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace do Brasil, Adriana Charoux.
As principais causas de morte atualmente no Brasil são ligadas à alimentação. Por exemplo, problemas cardíacos, câncer e diabetes geram trilhões de gastos à saúde pública globalmente. Além disso, diversos trabalhos científicos têm associado os agrotóxicos a problemas gastrointestinais, respiratórios, malformação congênita de fetos, câncer e inúmeras outras doenças. Em 2017, o Ministério da Saúde fez um levantamento em 2.600 municípios brasileiros para detectar a presença de agrotóxicos na água distribuída à população e o resultado foi a detecção de resíduos de veneno em 92% das cidades monitoradas.
A parceria do Greenpeace com a Fiocruz e ABA pretende mostrar pelos conteúdos que serão lançados principalmente em suas redes sociais, dados, histórias e saberes populares que fazem do movimento agroecológico um forte aliado do meio ambiente e da saúde da população brasileira. "A Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) soma-se a essa parceria por compreender que a construção do conhecimento agroecológico parte das evidências científicas. E nos últimos anos elas constatam que a redução dos habitats naturais para a manutenção dos sistemas alimentares de produção industrial que operam em escala global é, de fato, um dos principais motivos das mudanças climáticas e que vem deixando a saúde planetária (das pessoas e do ambiente) no limite da existência", diz Islandia Bezerra da Costa, professora de nutrição em saúde pública da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e presidenta da ABA.
A agroecologia pode frear os impactos das mudanças no clima, a perda de biodiversidade, diminuir as desigualdades sociais, além de garantir o direito de todas as pessoas à segurança e à soberania alimentar e nutricional. "A construção do conhecimento em agroecologia que considera as práticas tradicionais de cultivo e manejo, bem como de processamento dos alimentos que nos identificam com as nossas ancestralidades é que nos fazem esperançar em uma recuperação da saúde das pessoas e dos ambientes. Nos aliarmos a estes saberes populares/tradicionais e científicos é o caminho para a construção de sistemas alimentares sustentáveis e saudáveis", diz Islandia.