A Petrobras, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e a Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo (FapUNIFESP), o Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar/USP) e o Núcleo de Gestão Integrada ICMBio, desenvolverá o projeto Mar de Alcatrazes para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade marinha local, e subsidiar a adoção de medidas para minimizar os impactos das ações humanas sobre os ecossistemas existentes neste conjunto de ilhas.
O arquipélago Alcatrazes está localizado a aproximadamente 35 km ao sul de São Sebastião (SP). O projeto é uma iniciativa da Petrobras, que investirá nos próximos três anos cerca de R$ 3 milhões no projeto. Atualmente, o arquipélago é protegido por duas unidades de conservação marinhas de proteção integral: a Estação Ecológica (Esec) Tupinambás e o Refúgio de Vida Silvestre (ReVis) do Arquipélago de Alcatrazes. A região é abrigo para diversas espécies, inclusive algumas ameaçadas de extinção. “Diante da relevância ambiental do local, os estudos científicos são fundamentais para ampliar o conhecimento sobre biodiversidade marinha do arquipélago e para compreender a estrutura e a dinâmica das comunidades biológicas e dos ecossistemas destas unidades”, confirma o engenheiro de meio ambiente da Petrobras, Thiago Otto.
O projeto iniciará em 2022 um programa de monitoramento e detecção precoce de espécies exóticas; irá avaliar as mudanças espaciais e temporais, quantitativas e qualitativas das comunidades bentônica (que vivem associadas aos costões rochosos, recifes de corais, fundos arenosos etc.) e do conjunto de peixes que vivem na região. Além disso, irá avaliar e monitorar dados como a temperatura da água, salinidade e alcance da luz solar. O monitoramento dos peixes será realizado por meio de censos visuais, técnica em que os pesquisadores mergulham com equipamento Scuba e fazem a identificação, contagem e estimativa do tamanho das espécies em uma área pré-estabelecida. Além disso, câmeras subaquáticas que serão instaladas para o levantamento de imagem de peixes, especialmente os predadores, que são atraídos por uma pluma de odor gerada como isca. As imagens serão examinadas em programas específicos, que permitem a contagem e a estimativa precisa do tamanho dos exemplares.
Adicionalmente, duas espécies serão estudadas detalhadamente: a raia-manteiga (Dasyatis hypostigma) e a garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus). Neste estudo será utilizada a telemetria acústica. Inicialmente, 30 animais de cada espécie serão marcados com os transmissores, que possuem sensores de pressão e temperatura, e que permitem o rastreamento de posições dos indivíduos ao longo do tempo. “O emprego de tecnologia de ponta poderá complementar os dados obtidos através dos estudos subaquáticos”, disse o pesquisador Fabio Motta, do Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha da UNIFESP.
Motta diz que os receptores podem ser utilizados a partir de uma plataforma móvel, como embarcações, ou por meio do uso de estações fixas, permanecendo estáticos para detectar animais que, eventualmente, passem dentro do raio de detecção. “Desta forma, será possível avaliar o uso dos habitats por essas espécies, os períodos de atividade e a influência de variáveis ambientais, aprofundando o conhecimento sobre o papel das unidades de conservação na proteção dessas espécies, contribuindo com o mapeamento de áreas e períodos de maior vulnerabilidade dessas espécies e a influência de atividades antrópicas como pesca e turismo subaquático. O projeto pode ser acompanhado no Instagram, pelo perfil @mardealcatrazes.