Os ecossistemas do mundo sustentam toda a vida na Terra e fornecem soluções essenciais para o desafio do clima. “Portanto, restaurar ecossistemas degradados aumenta a biodiversidade e beneficia a todos nós”, diz Eugenio Singer, diretor Geral da consultoria ambiental Ramboll Brasil, lembrando que além de mudanças legislativas e financeiras cada vez mais presentes, as empresas devem considerar a ação da biodiversidade como parte vital de seus objetivos de sustentabilidade.
Aproveitando as celebrações do Dia Mundial do Meio Ambiente, a Ramboll elaborou um manual digital (https://ramboll.com/ecosystem-restoration) que lista os ecossistemas em risco e projetos para restaurá-los. Abaixo, ressaltamos os desafios para alguns temas essenciais e as soluções de restauração, remediação e revitalização apresentadas pela consultoria.
Água doce
Menos de 3% da água do planeta é doce e, apesar de representar 1% da cobertura terrestre mundial, os ecossistemas de água doce sustentam 12% da vida animal e 30% de todas as espécies de vertebrados. Mas a atividade humana e as mudanças climáticas estão degradando os habitats de água doce em um ritmo mais rápido do que os ecossistemas terrestres são capazes de recuperá-los.
As bacias hidrográficas são altamente vulneráveis à poluição e, ainda assim, absorvem o escoamento da agricultura, manufatura e áreas urbanas. A criação de represas e sistemas de desvio de água bloqueiam as rotas de migração dos peixes e desorganizam os habitats. O consumo de água para necessidades agrícolas, industriais e habitacionais cada vez mais intensas, reduz os habitats.
As áreas úmidas estão sendo drenadas, resultando na perda de biodiversidade e as espécies invasoras sufocam os habitats nativos que ameaçam a vida selvagem. Inundações frequentes, combinadas com a produção de sedimentos de incêndios florestais catastróficos mais frequentes, estão pressionando ainda mais esses sistemas essenciais.
Como solução para os ecossistemas de água doce, a Ramboll ressalta que aprimorar a filtração reduz a entrada de sedimentos, nutrientes, efluentes e poluição; a restauração do habitat e a melhoria da biodiversidade com o aumento das plantas nativas proporciona uma elevação ecológica; O planejamento urbano baseado no desenvolvimento sustentável, incorporando na engenharia às práticas da natureza, juntamente com medidas de conservação aprimoradas que são sensíveis à água doce, criam ecossistemas mais saudáveis e resistentes; e que a melhoria dos sistemas de drenagem e do tratamento de esgotos evitará grande parte da poluição que está prejudicando os ecossistemas de água doce.
Turfeiras
Consideradas “super-heróis” do ecossistema, as turfeiras produzem oxigênio e purificam a água. Elas fornecem serviços vitais, como controle do abastecimento de água e prevenção de enchentes e secas. Elas resfriam e retêm a umidade em resposta às mudanças climáticas e ainda abrigam espécies únicas que só podem sobreviver nesses ecossistemas úmido, fornecendo alimento e combustível para muitas pessoas. As turfeiras também preservam informações ecológicas e arqueológicas importantes, como registros de pólen e artefatos humanos. Apesar de sua importância, as turfeiras ao redor do mundo estão sendo drenadas para que possam ser usadas na agricultura, desenvolvimento de infraestrutura, mineração e exploração de petróleo e gás.
Para salvar as turfeiras, a Ramboll defende o fim da drenagem e o replantio de espécies nativas, que evitará um declínio maior e reterá a água. As turfeiras podem ser usadas no mercado global de carbono por projetos habitacionais, que se tornam disponíveis como projetos de compensação de carbono.
Terras agrícolas
As terras agrícolas são um dos ecossistemas mais vitais para sustentar a humanidade. Metade das terras habitáveis do mundo é usada para agricultura e cerca de dois bilhões de pessoas (27% da população mundial) obtêm seu sustento dela. As mudanças climáticas e a diminuição da disponibilidade de água doce, juntamente com as pressões para produzir mais com menos, estão cobrando seu preço. As práticas agrícolas intensivas insustentáveis e o pastoreio excessivo tornam as terras agrícolas vulneráveis a doenças, com solos de má qualidade e menos resiliência à seca ou chuvas fortes, levando à redução da produção agrícola.
Florestas
As florestas cobrem cerca de 4 bilhões de hectares ou 30% da superfície terrestre e abrigam 80% da biodiversidade terrestre mundial. As mudanças climáticas e as atividades humanas estão pressionando esses sistemas essenciais.
A invasão e expansão urbanas, o desmatamento para terras agrícolas ou habitações, os distúrbios causados pela extração de recursos praticada de forma não sustentável, os incêndios e inundações catastróficas estão causando uma perda de biodiversidade, erosão genética, além da perda de culturas indígenas.