Compostagem ainda é quase nula no Brasil

28/03/2025
Segundo números do Brasil Composta Cultiva, iniciativa do Instituto Pólis, aproximadamente 45,6% dos resíduos coletados no Brasil são orgânicos compostáveis, como restos de alimentos e resíduos de jardim.

Comemorado em 30 de março, o Dia Internacional do Resíduo Zero foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a importância da gestão eficaz de resíduos e a transição para uma economia circular. Segundo números do Brasil Composta Cultiva, iniciativa do Instituto Pólis, aproximadamente 45,6% dos resíduos coletados no Brasil são orgânicos compostáveis, como restos de alimentos e resíduos de jardim. Entretanto, menos de 0,3% desses resíduos são efetivamente compostados. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SINISA), apenas 2% dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil foram encaminhados para reciclagem.

A plataforma on-line Brasil Composta Cultiva foi criada e é administrada pelo Pólis com o objetivo de promover o acesso a informações e dados atualizados sobre ações de gestão de resíduos orgânicos que ocorrem em 11 estados brasileiros e envolvem mais de seis mil pessoas. A iniciativa tem apoio do Global Methane Hub (GMH), Aliança Global para Alternativas de Incineradores (GAIA) e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) para identificar e fortalecer os projetos existentes de manejo e reciclagem de resíduos orgânicos no Brasil.

Por meio da plataforma, gestores e técnicos municipais, cooperativas de catadores de materiais recicláveis e profissionais do setor têm acesso a notícias, ferramentas, dados e estudos de caso bem-sucedidos no Brasil, além de poderem esclarecer dúvidas sobre a gestão de resíduos sólidos orgânicos, visando ao aumento da reciclagem e à redução das emissões de metano no setor de resíduos no Brasil. "A compostagem é uma solução que cresce significativamente no país, mesmo que ainda com limitado apoio e investimento comparado ao aterro sanitário, por exemplo. Apenas entre 2022 e 2023, o número de unidades de compostagem no país cresceu de 76 para 118 (aumento de 55%), indicando um grande interesse das cidades", afirma Victor Argentino, coordenador de projetos em resíduos sólidos no Instituto Pólis. “O potencial de geração de empregos também é um fator importante, gerando de 5 a 10 vezes mais empregos que o aterro sanitário por tonelada tratada, sendo também uma potencial fonte de renda para catadores e catadoras que hoje lideram a reciclagem no país", completa Victor.

Atualmente, o setor de resíduos é a terceira maior fonte de metano no mundo. No Brasil, de acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), esse setor é a segunda maior fonte e responde por 16% das emissões de metano, tanto por águas residuárias quanto pela disposição final de resíduos sólidos em aterros e lixões (10%). A destinação inadequada de resíduos para lixões ou aterros compromete a saúde pública, contamina o solo e contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa. Além dos impactos ambientais, o desperdício também é econômico. Estima-se que o Brasil perde entre R$ 1 bilhão e R$ 8 bilhões anuais pelo enterramento de resíduos orgânicos no Brasil, de acordo com informações do documento preliminar do Plano Nacional de Redução e Reciclagem de Resíduos Orgânicos Urbanos (PLANARO), que está disponível para consulta pública.