CBA investe na transformação de resíduos em novos produtos

25/09/2024
Estudo identificou 152 resíduos gerados em duas unidades da Companhia, dos quais 38% deles com viabilidade econômica.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) trabalha desde 2018 na transformação de resíduos derivados do processo industrial em matéria-prima de novos produtos. A ideia é desenvolver alternativas para reaproveitamento desses materiais e o primeiro passo foi reunir em um inventário os resíduos que atendiam as condições necessárias para o projeto. Segundo a CBA, o estudo identificou 152 resíduos gerados em duas unidades da Companhia, dos quais 38% deles com viabilidade econômica. Outros 33,5% já têm uma destinação através da reutilização em outros processos e 28% deles serão estudados futuramente. “Ter aplicabilidade assegurada e buscar retorno financeiro são critérios importantes para viabilizar a circularidade de uma etapa importante da nossa cadeia de produção. Essa iniciativa está alinhada a nossa Estratégia ESG”, afirma o gerente-geral de Sustentabilidade da CBA, Leandro Faria. 

Atualmente, os coprodutos da CBA representam 33% do total de resíduos gerados somente na fábrica de alumínio, principal planta da Companhia localizada na cidade de Alumínio (SP). Em 2023, a receita com esses novos materiais aumentou mais de 27% em comparação a 2022, somando cerca de R$ 18 milhões. “A gestão de resíduos passou por transformações importantes nos últimos tempos no Brasil e no mundo, dentro do conceito de economia circular, e as empresas estão otimizando o uso dos recursos naturais de maneira que os resíduos de um determinado processo produtivo sejam aproveitados como matéria-prima em outro processo”, observa Faria.

Uma equipe com a participação de profissionais de diversas áreas da CBA (Meio Ambiente, Suprimentos, Engenharia e Tecnologia) trabalhou em conjunto para desenvolver coprodutos não apenas que agreguem valor aos resíduos, mas que possam ser novos produtos, além da implementação de processos que permitam a reutilização interna dos resíduos, contribuindo para a redução de custos, consumos e promoção de impactos positivos ao meio ambiente. 

Após todas as etapas da cadeia do alumínio, é nas salas fornos, a partir das cubas eletrolíticas, que são gerados alguns dos resíduos com potencial para serem transformados em novos produtos e que apresentam excelentes resultados. “Entre eles, a lama de raspagem que vem sendo muito utilizada por empresas que atuam com reciclagem e reaproveitamento do alumínio solidificado e o sódio, como conta o gerente de meio ambiente da CBA, Marcus Vinícius Vaz Moreno. A geração desse coproduto chega, em média, a 4.800 t/ano. Outro exemplo é a sucata de anodo, um coproduto com poder calorífico, sendo utilizado como combustível para os fornos em metalurgia de ferro fundido. 

Resultante do processo de lavagem de gases das salas fornos, a alumina secundária apresenta características que a tornam um resíduo com elevado potencial comercial. “A mistura da alumina secundária com finos de refratário derivou em um material que substitui a matéria-prima extraída na produção de cimento, com excelente performance e futuro aproveitamento”, afirma Moreno. Ele observa, ainda, que a aplicação desse produto na indústria cimenteira ainda está em estudo. A estimativa é de geração média de 7.000 t/ano pelo interesse do segmento por alternativas mais sustentáveis.

Todos os materiais possíveis de serem reciclados na CBA são encaminhados para empresas parceiras especializadas para transformá-los em alternativas para o mercado, como é o caso do carbonato de cálcio, resíduo gerado no processo de captação de água da barragem, na refinaria de alumina. “Mapeamos oportunidades em parceria com universidades e realizamos testes no segmento agrícola e, também testes industriais, pois o carbonato de cálcio pode ser usado tanto na construção civil como na agricultura para a correção de acidez do solo”, explica Moreno. Por fim, o carbonato de cálcio também apresentou bons resultados no tratamento de água, permitindo que a mesma seja reaproveitada. “Com isso, o ciclo de circularidade do processo se completa ao evitar que se use mais de um recurso natural fundamental para o planeta, atendendo nossas diretrizes de sustentabilidade”, conclui Moreno.