Cheia gaúcha pode afetar países vizinhos

13/05/2024
A cheia que afeta o Rio Grande do Sul pode causar impactos em outros países da América do Sul, considerando que o volume de águas passa por rios transfronteiriços

A cheia que afeta o Rio Grande do Sul pode causar impactos em outros países da América do Sul, considerando que o volume de águas passa por rios transfronteiriços, que deságuam em outros territórios. Para apoiar ações preventivas, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) enviou um comunicado e informações sobre os níveis dos rios transfronteiriços ao Comitê Intergovernamental dos Países da Bacia do Rio da Prata (CIC-Plata) – composto por representantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Em razão das fortes chuvas que impactaram o Rio Grande do Sul, há tendência de elevação dos níveis em Itaqui, Uruguaiana e São Borja, que fazem fronteira com cidades da Argentina.

Os dados são enviados por meio do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Uruguai, que faz parte da Bacia do Prata – considerada uma das maiores do mundo, com mais de 3,1 milhões km². “Nosso papel vai além das fronteiras. Essa atuação representa o nosso compromisso em compartilhar nosso conhecimento e experiência, fornecendo aos nossos parceiros regionais dados que são essenciais para orientar decisões estratégicas que possam reduzir os impactos dessas cheias. Em situações críticas, como a que vivenciamos, é fundamental somar esforços e agir de forma colaborativa”, ressalta o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo. O intercâmbio de dados a respeito dos recursos hídricos é previsto no Tratado da Bacia do Prata, em vigor desde 1970. Até o momento, solicitaram ao SGB o envio de boletins de alerta hidrológico: a Usina Hidrelétrica Binacional de Salto Grande, que fica no Rio Uruguai, na divisa Uruguai-Argentina, e o Sistema Nacional de Emergências do Uruguai.

O Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Uruguai já emitiu 26 boletins de alerta por meio do SAH Uruguai. O SGB passou a incluir nesses boletins de alerta informações geradas a partir do Sistema de Suporte a Tomada de Decisão (SSTD), que é uma iniciativa do CIC-Plata, em parceria com instituições dos cinco países-membros da Bacia. “O SSTD tem o objetivo de contribuir e fortalecer a capacidade de gestão integrada dos recursos hídricos na Bacia do Rio da Prata, fornecendo informações necessárias para ações de planejamento e tomada de decisões em nível regional”, explica a pesquisadora em geociências Camila Mattiuzi, representante do SGB no projeto.

Por meio desse sistema, foi elaborado um modelo de prognóstico de vazões, a partir de dados observados e previsão de precipitação, com escala diária, que permite antecipar cenários dos rios na bacia. A metodologia ainda está em fase de testes. De acordo com as projeções, São Borja já atingiu o pico da cheia nesta, enquanto, em Itaqui, a cota máxima deve ser observada no dia 10 de maio e, em Uruguaiana, no domingo (12). Em nenhum caso o SGB pode ser responsabilizado por danos ou decisões, indiretos ou decorrentes, ou nenhum dano vinculado, que provenha do uso destes produtos.