Eficácia da água sanitária no combate às larvas do Aedes aegypti

31/07/2024
A mortalidade do grupo de larvas com diversas gerações criadas em laboratório chegou a até 95%

Um estudo recém-realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e encomendado pela Associação Brasileira da indústria de Cloro Álcalis e Derivados (Abiclor) constatou a eficácia da água sanitária no combate às larvas do Aedes aegypti, mosquito vetor da dengue. A pesquisa utilizou dois grupos de larvas do mosquito, um deles originário de muitas gerações criadas em laboratório, na Fiocruz, e outro, com larvas de mosquitos selvagens coletados recentemente no meio ambiente, com apenas duas gerações de larvas criadas em laboratório.

O levantamento sugeriu uma resistência ligeiramente maior para as larvas de insetos selvagens, enquanto a mortalidade do grupo de larvas com diversas gerações criadas em laboratório chegou a até 95%, enquanto que a mortalidade do grupo de larvas de insetos recolhidos no ambiente há duas gerações chegou a até 92,5%. “A linhagem de larvas provenientes de insetos do campo é mais resistente porque já nasce em um ambiente livre e hostil”, explica Andre Machi, co-autor da pesquisa e colaborador do Laboratório de Radiobiologia e Ambiente (CENA/USP). Porém, para as duas linhagens de insetos, a água sanitária - nas proporções de dois a três ml de produto por litro de água -  se mostrou muito eficaz para combater a praga durante a fase larval, que acontece em repositórios de água parada. Isto significa que obteve um índice de mortalidade acima de 90%.  “Um índice de mortalidade acima de 90%, que pode chegar até 95%, é considerado excelente. Isto vem de encontro com os resultados da literatura quando se trabalha com o controle de insetos, pois nunca se elimina 100% de uma praga em campo”, explica Valter Arthur, co-autor da pesquisa e professor sênior do Laboratório de Radiobiologia e Ambiente do CENA(USP). 

Machi disse que a água sanitária deve ser utilizada como um método alternativo para controlar o mosquito da dengue, não apenas por ser de fácil acesso para o uso doméstico, mas porque não é um recurso poluente ou de impacto ao meio ambiente, como a fumigação e o uso dos inseticidas, que podem provocar a resistência dos insetos. “É importante observar que a ação de combate às larvas do inseto depende do prazo em que o produto foi aplicado. A pesquisa mostrou que houve perda da eficiência de água sanitária após cinco dias, indicando que há necessidade de repor a dosagem do produto em repositórios de água”. Para fins domésticos, os pesquisadores recomendam 1 colher de sobremesa do produto (equivalente a 5 ml), para cada litro de água, com reposição a cada cinco dias. 

Segundo a Abiclor, a água sanitária  para ser eficiente no combate às larvas do mosquito deve ser adquirida de fontes confiáveis e nunca de produtos piratas. “A água sanitária de qualidade contém 2,5% de cloro ativo, que é o elemento com ação de desinfecção”, diz Nelson Felipe, Técnico e Advocacy da Abiclor. “É importante observar que a água sanitária deve ser comercializada em embalagens opacas, pois a incidência de luz pode degradar o produto e comprometer a sua eficácia. Portanto, produtos vendidos em garrafas PET translúcidas não desempenham a mesma desinfecção e limpeza”, complementa. Para o experimento, foi utilizada água de torneira, cujo pH estava em torno de 7,1. Posteriormente, foi colocada em baldes com capacidade para cinco litros, junto à água sanitária, adquirida no comércio local e dentro do prazo de validade. 

O produto foi adicionado nas seguintes concentrações: 1,0 2,0 e 3,0 ml por litro de água, e mais o tratamento controle que continha somente a água de torneira. Para cada dose utilizada, foram realizadas quatro repetições, contendo 10 larvas por repetição, num total de 40 larvas de terceiro e quarto instar, que são as fases larvais mais resistentes do mosquito. O experimento foi realizado em condições climáticas ambientais, todos os tratamentos receberam ração de peixe em quantidade adequada para sua alimentação. As avaliações do número de larvas mortas foram realizadas a cada 24 horas. O estudo foi realizado para atualização dos resultados de uma pesquisa realizada em 2016, e conforme os resultados de mortalidade, o controle das larvas foi semelhante.