Livro mostra como fazer a gestão de desastres com governança
No momento em que a sociedade brasileira ainda vivencia as consequências das enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul, ocorridas recentemente, uma boa notícia: está disponível na Amazon, sem custos para os assinantes do Kindle Unlimited, o livro “Gestão de Desastres e Governança - Caminhos para uma Sociedade Resiliente”, de autoria de Eugenio Singer, Celso Sekiguchi, Letícia Hirosue e Maristela Bernardo”, um dos mais completos trabalhos sobre a gestão de desastres.
Na obra, os autores analisam porque os desastres não são naturais, exploram os conceitos e definições relacionados à gestão de desastres, a relação entre risco, desastre, impacto e vulnerabilidade em áreas urbanas, gestão de desastres no Brasil e no mundo e as lacunas entre as ações emergenciais e de reparação.
Além disso, há capítulos específicos dedicados aos aspectos legais da gestão de desastres, a importância da governança, a centralidade das populações atingidas, o papel da comunicação em desastres em desastres e na reparação, conceitos de resiliência e governança, atenção à saúde em desastres, avaliação de danos materiais e imateriais, as melhores práticas de reparação social, natural, econômica e de infraestrutura, aspectos financeiros da reparação e valoração de danos, redução de riscos de desastres e culminando com reflexões sobre o futuro.
Para um dos autores da obra, o engenheiro Eugênio Singer, embora o homem moderno tenha chegado a “sofisticações incríveis, como enviar sondas espaciais a outros planetas, naves não tripuladas capazes de captar imagens e ruídos de pontos ainda mais distantes de nosso universo, desenvolver o sequenciamento genético para identificar e evitar doenças raras e crônicas, realizar cirurgias a distância, construir computadores mais rápidos e que chegam próximo da inteligência humana, operar sistemas de telecomunicações nas áreas mais remotas, promovendo a (quase) universalização da comunicação”, a humanidade não dispõe de tecnologia e inteligência suficientes para prever e evitar desastres de quaisquer naturezas, o que em sua opinião é inadmissível.
Assim, segundo Singer, “a grande questão no processo da gestão dos desastres é a sua governança e o acesso à tecnologia e aos recursos, porque infelizmente não somos universalmente iguais em termos de equidade. Uma vida em um país desenvolvido vale muito mais do que uma vida na África, América Central ou Sudeste da Ásia”.
Ele acrescenta que os autores do livro são todos profissionais em contínuo aprendizado e que conseguiram avançar muito “na busca sobre como evitar que desastres ambientais como o das manchas órfãs de petróleo no nosso litoral, as queimadas e incêndios em todos os nossos biomas, Pantanal, Cerrado e Amazônia, rompimentos de barragens como a de Fundão, da Samarco, ou da Vale em Brumadinho, possam voltar a acontecer, e se acontecerem, que se possa minimizar seus danos, evitando também que se demore tanto tempo para que estes danos sejam reparados integralmente. A ideia de escrever esse livro veio da necessidade de compilar a experiência de todos os autores envolvidos nos desastres ambientais brasileiros e deixar como legado ideias e propostas que certamente auxiliarão as partes interessadas a lidar melhor com desastres”.
Para os autores, o livro oferece ainda a oportunidade de refletir sobre como a maneira de lidar com o pós-desastre, em países em desenvolvimento, pode engendrar mudanças estruturais, inclusive no entendimento do que seja reparação integral, potencializando-a com sua inserção no universo do planejamento e desenvolvimento regionais, rurais e urbanos, e articulação com práticas e políticas intersetoriais e participativas. Isso tudo visando a políticas de redução da pobreza e das desigualdades sociais, bem como ao surgimento de parâmetros de planejamento e desenvolvimento a partir da reestruturação dos territórios, passíveis de incorporar a contribuição e a visão das pessoas atingidas e contextualizá-las nas dimensões econômica, socioambiental, política e outras, estabelecendo novos patamares de desenvolvimento, nos quais nos quais todos se sintam incluídos e respeitados”.