Pesquisadores alertam que as mudanças climáticas aumentam toxicidade do arroz

22/04/2025
Estudos indicam que o aquecimento global pode elevar os níveis de arsênico no arroz, representando riscos à saúde de bilhões de pessoas.

O arroz, alimento básico para mais da metade da população mundial, está sob ameaça devido às mudanças climáticas. Pesquisas recentes apontam que o aumento das temperaturas e das concentrações de dióxido de carbono (CO₂) intensifica a absorção de arsênico pelas plantas de arroz. Esse elemento químico, naturalmente presente no solo e na água, pode se acumular nos grãos, tornando-os potencialmente tóxicos para o consumo humano.

Um estudo publicado na revista The Lancet Planetary Health revelou que, ao longo de seis anos, pesquisadores cultivaram arroz em condições controladas, simulando cenários futuros de clima com temperaturas e níveis de CO₂ elevados. Os resultados mostraram um aumento significativo na concentração de arsênico nos grãos, especialmente em áreas alagadas, comuns no cultivo do arroz. Esse acúmulo é particularmente preocupante para populações que dependem desse cereal como principal fonte alimentar.

A exposição crônica ao arsênico está associada a diversos problemas de saúde, incluindo cânceres de pele, bexiga e pulmão, doenças cardiovasculares e distúrbios neurológicos, especialmente em crianças. Com a previsão de que as mudanças climáticas agravem esse cenário, especialistas alertam para a necessidade urgente de medidas mitigadoras.

Entre as soluções propostas estão o desenvolvimento de variedades de arroz menos propensas à absorção de arsênico, a implementação de limites regulatórios para o teor desse elemento nos alimentos e a conscientização dos consumidores sobre os riscos. No entanto, os pesquisadores enfatizam que a principal estratégia deve ser a redução das emissões de gases de efeito estufa, visando desacelerar as mudanças climáticas e, consequentemente, minimizar os impactos na segurança alimentar global.