Plano de Contingência contribui para reenchimento
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) produziu o Plano de Contingência para a Recuperação de Reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) que teve vigência até 30 de abril, com os reservatórios de Três Marias (MG), Sobradinho (BA), Itumbiara (GO/MG), Furnas (MG) e Marechal Mascarenhas de Moraes (MG), superando 70% de seu volume útil.
Os reservatórios dessas hidrelétricas contribuem para a produção de energia do Sistema Interligado Nacional nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste. Apenas nas bacias dos rios Tocantins e São Francisco foram registradas afluências acima da média. Na bacia do São Francisco, as medidas adotadas e as afluências possibilitaram que o maior reservatório do Nordeste, Sobradinho, atingisse sua capacidade máxima, chegando a 99,85% de seu volume útil em 30 de abril. Nas demais bacias foram observadas afluências próximas às médias, o que demonstra a importância das medidas implementadas no Plano de Contingência para recuperação dos armazenamentos.
Serra da Mesa (GO) e Emborcação (GO/MG) ficaram com um armazenamento de 64,8% e 68% de seus volumes úteis, respectivamente, sendo que o reservatório de Serra da Mesa, no rio Tocantins, é o maior reservatório do Brasil e um dos maiores do mundo e teve seu armazenamento quase triplicado no período de duração do Plano de Contingência. Já no reservatório de Emborcação, no rio Paranaíba, seu volume útil saltou de menos de 15% para quase 70% entre dezembro e abril, período chuvoso nas bacias englobadas pelo Plano da ANA. Os sete reservatórios foram escolhidos pelo seu papel para a segurança hídrica das bacias hidrográficas dos rios Grande, Paranaíba, São Francisco e Tocantins.
Entre esses sete reservatórios que contaram com as medidas operativas do Plano de Contingência, em cinco deles o armazenamento de água no final de abril foi o maior nos últimos dez anos para essa data: Serra da Mesa, Sobradinho, Emborcação, Itumbiara e Furnas. Somente em Três Marias, que tem liberado mais água para evitar a mortandade de peixes, e Marechal Mascarenhas de Moraes, que tem grande oscilação pela sua menor capacidade de armazenamento, atingiram o segundo maior volume útil dos últimos dez anos em 30 de abril. No reservatório de Serra da Mesa, o armazenamento de aproximadamente 65% registrado em 30 de abril, fim do período chuvoso, não ocorria desde agosto de 2012. Já no reservatório de Furnas, no rio Grande, o volume útil de cerca de 85% não acontecia desde abril de 2012. Ainda considerando os últimos dez anos na variação dos volumes desses sete reservatórios, os ganhos de armazenamento variaram entre 41 e 66 pontos percentuais – melhor condição da última década – durante a vigência do Plano de Contingência da ANA. Com essas medidas, a ANA atuou no sentido de garantia da segurança hídrica e dos usos múltiplos da água em 2022 e nos anos seguintes por meio dessas medidas para recuperação dos reservatórios.
Nas hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, que operam a fio d’água no rio Paraná na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, a redução das vazões liberadas buscou diminuir a demanda por escoamento de água dos reservatórios a montante (acima) deles, principalmente dos reservatórios das bacias dos rios Grande e Paranaíba. Outra medida adotada pela ANA para mitigação dos impactos da crise hidroenergética de 2021 sobre os volumes dos reservatórios trata especificamente da operação da UHE Ilha Solteira, onde o atendimento às necessidades de geração levou à acumulação a níveis inferiores ao mínimo operativo autorizado em sua outorga.
Um Protocolo de Compromisso foi celebrado com a concessionária responsável, com a interveniência do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), estabelecendo medidas restritivas e cronograma para reenchimento até o nível necessário para a retomada da navegação na Hidrovia Tietê-Paraná, sem a utilização das águas dos reservatórios de cabeceira das bacias do rio Grande e do rio Paranaíba, nesse reenchimento. Esse nível foi atingido em 29 de março, normalizando as condições mínimas para navegação na principal hidrovia brasileira. Com essas ações, a ANA atuou no sentido de garantia da segurança hídrica e dos usos múltiplos da água em 2022 e nos anos seguintes, por meio dessas medidas para recuperação do armazenamento dos reservatórios.