Quase 50% dos brasileiros ainda não têm acesso à rede de esgoto

29/06/2025
Brasileiros seguem sem acesso à rede de esgoto, revela estudo que destaca desigualdades regionais e necessidade de investimentos bilionários

Segundo pesquisa da IFAT Brasil em parceria com Pezco Economics e Resolux Company, 101,6 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à rede de esgoto, o que equivale a 47,8% da população do País. O levantamento cruzou os dados com a projeção populacional atualizada do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2024 e traz dados sobre saneamento básico, como rede de esgoto, rede de água, águas pluviais e resíduos, além de informações por grandes regiões do Brasil e divididas por estados. “Enfrentar os desafios de frente e encontrar soluções é um dos objetivos da IFAT Brasil. E só podemos transformar a realidade se nos ampararmos por dados concretos e confiáveis do nosso segmento. Quando falamos em saneamento básico, não estamos falando apenas de infraestrutura, mas também de saúde e de vidas humanas”, afirma Rolf Pickert, CEO da Messe Muenchen do Brasil, organizadora da IFAT Brasil (Feira Internacional em Água, Esgoto, Drenagem e Soluções de Recuperação de Resíduos).

Em relação à rede de esgoto, a região Norte tem apenas 14,7% da população atendida e é a mãos carente, seguida pelo Nordeste (31,4%), Sul (49,7%) e Centro-Oeste (62,3%). A região Sudeste é a que está mais perto da universalização: oito em cada 10 habitantes (80,9%) têm acesso à rede de esgoto. O Distrito Federal está em melhor colocação entre as unidades da federação, com 82% dos habitantes com acesso a esgoto tratado, seguido de Roraima (81,3%), Paraná (75,9%) e São Paulo (71,4%). Nas últimas colocações vêm Acre (0,7%), Pará (8,3%), Rondônia (9,8%), Maranhão (14,1%) e Amapá (14,2%).
na questão no abastecimento de água potável, também há distância entre as macrorregiões, apesar de a disparidade ser bem menor em relação ao esgoto. A região Norte tem 64,2% de cobertura populacional, seguida de Nordeste (76,9%), Centro-Oeste (89,8%), Sudeste (90,9%) e Sul (91,6%). Entre unidades da federação, Distrito Federal (99% de pessoas com acesso à água potável), Paraná (96,1%), São Paulo (95,2%), Sergipe (91,6%) e Pernambuco (89,7%) são os primeiros no ranking. Na outra ponta, vêm Amapá (46,9%), Acre (48%), Pará (55,4%), Rondônia (56,6%) e Maranhão (59,5%).

O estudo aponta que são necessários investimentos de R$ 387 bilhões até 2040 em água e esgoto para que o Brasil alcance a meta para universalização do saneamento básico até 2033, com atendimento de 90% da população para rede de esgoto e 99% para acesso à água potável. “Os investimentos atuais e previstos mostram que o setor está em plena expansão, impulsionado pelo aumento da participação da iniciativa privada no setor, a partir do Marco Legal do Saneamento”, afirma Pickert. “Atingir a meta da universalização é um grande desafio, e só conseguiremos atingi-la se conseguirmos ampliar a parceria entre governos, iniciativa privada, entidades e outros players do setor”. A pesquisa aponta que a participação da iniciativa privada no setor subiu, nos municípios, subiu de 5,2% em 2019 para 15,7% em 2023 - com projeção de aumentar para 45,6% em 2026.

A IFAT Brasil, realizada entre os dias 25 e 27 de junho, no São Paulo Expo (SP), reúne representantes do setor público, líderes empresariais e especialistas em saneamento básico, resíduos e energia para discutir soluções sustentáveis e apresentar inovações para os desafios do setor. “A IFAT Brasil é um espaço de articulação entre inovação, sustentabilidade e políticas públicas. Nosso objetivo é fomentar soluções que transformem o acesso ao saneamento em um direito efetivo para todos os brasileiros”, afirma Pickert.