Reaproveitamento de resíduos para a produção de insumos

16/04/2023
"a produção de fertilizantes orgânicos a partir da compostagem de lodos de esgotos provenientes do tratamento de efluentes industriais é importante na área econômica e ambiental."

Segundo o professor e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa para o Aproveitamento de Resíduos Agroindustriais (CEPARA), Marcos Kamogawa, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (ESALQ - USP), a produção de fertilizantes orgânicos a partir da compostagem de lodos de esgotos provenientes do tratamento de efluentes industriais é importante na área econômica e ambiental. 

O professor e um grupo de alunos visitaram a planta da Tera Ambiental, em Jundiaí (SP), onde apresentou os propósitos do CEPARA, de promover a sustentabilidade e a agroecologia no Campus Luiz de Queiroz, por meio de técnicas de reaproveitamento de resíduos. Nesse sentido, há congruências com o trabalho da Tera, que utiliza a compostagem termofílica em escala industrial para fabricar os fertilizantes orgânicos Tera Base, Mix e Premium, da linha Tera Nutrição Vegetal, unidade de negócios da empresa que é responsável pela representação e comercialização dos insumos. “É muito importante ter o nosso trabalho reconhecido por uma instituição tão conceituada quanto a ESALQ-USP. Esses momentos imersivos são fundamentais para desenvolver e aprimorar a percepção dos alunos, futuros profissionais da área agrícola, sobre a importância do reaproveitamento e transformação dos resíduos, além dos ganhos que promovem para a agricultura”, ressalta Fernando Oliveira Carvalho, engenheiro agrônomo da Tera Ambiental.

Marcos Kamogawa, que já havia conhecido a Tera Ambiental em 2018, quando assumiu a coordenação do CEPARA, observou que os resíduos orgânicos gerados pela ação do ser humano no meio ambiente são um grande problema de gestão pública, que não pode ser negligenciado. “Ao mesmo tempo, o crescimento demográfico exige que a produtividade agrícola aumente cada vez mais, sem detrimento do meio ambiente. Nesse sentido, transformar resíduos orgânicos em fertilizantes, que podem ser aplicados à produção agrícola, é uma das destinações mais nobres, evitando o descarte irregular e/ou inadequado e, ao mesmo tempo, enriquecendo o solo para a lavoura”.

O fertilizante orgânico enriquece o solo com uma diversidade microbiológica, que proporciona mais desenvolvimento de raiz e melhor aproveitamento dos nutrientes, explicou o professor. Para Kamogawa, entende-se cada vez mais na agricultura contemporânea que a máxima produtividade deve considerar não somente a adubação mineral, mas também a matéria orgânica e a atividade microbiológica dos sistemas produtivos. “Podemos citar, ainda, que as características dos constituintes químicos dos fertilizantes orgânicos reduzem a imobilização de fósforo e podem ser fornecedores de macro e micronutrientes”, frisou o docente da ESALQ-USP, acrescentando: “Também melhoram a retenção de água e a capacidade de troca catiônica (CTC), que influencia na estabilidade, disponibilidade de nutrientes e no pH do solo”. 

Criado em 1994 pela professora do Departamento de Solos Elke Jurandy Bran Nogueira Cardoso, o CEPARA desenvolve atividades educativas, de estudos e extensionista de tratamento de resíduos agroindustriais pela técnica de compostagem termofílica, biodigestão e vermicompostagem. O grupo tem atuado ativamente no campus Luiz de Queiroz em ações de sustentabilidade e educação ambiental, levando conhecimento à sociedade sobre a importância da gestão dos resíduos e da reciclagem dos nutrientes presentes nesses materiais. “Acredito que tanto a Tera quanto o CEPARA visam promover o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis que agreguem valor econômico e social. O conhecimento do nosso grupo sobre o uso de fertilizantes orgânicos e a demonstração de resultados de eficiência agronômica somente corroboram o objetivo principal da Tera, de produzir um nutriente agronomicamente eficiente, seguro ambientalmente e que, principalmente, dá destino a um material que até pouco tempo atrás era um problema ambiental, contribuindo para a economia circular”, concluiu o docente.