Startup remove carbono para ajudar na restauração de solos
O engenheiro ambiental alemão Niklas Kluger teve o primeiro contato com o Brasil em 2013, por meio de sua atuação na ONG ProBrasil, em São Paulo e no Piauí, trabalhando nos centros de crianças e adolescentes da organização. No auge da pandemia, em janeiro de 2021, Niklas desembarcou novamente no Brasil para uma jornada mais desafiadora. Com recursos obtidos junto ao Governo alemão, atuou como gerente de projetos no Nordeste e focou na restauração e agricultura familiar. “Eu auxiliava pequenos agricultores na Caatinga, mais especificamente no estado do Piauí, no trabalho de restauração daquelas propriedades”. Neste contexto, Niklas também desenvolveu sua tese de mestrado focado em comunidades rurais do Nordeste, onde estudava o potencial do mercado de carbono para reverter a desertificação e degradação do semiárido rural.
Durante este tempo também houve uma viagem que mudou sua vida. “Um dos meus melhores amigos, Felix Harteneck, me visitou no Nordeste e, durante uma longa viagem de carro da Serra da Capivara à Recife, idealizamos a fundação de uma StartUp com a visão de usar tecnologias naturais de sequestro de carbono, para alavancar a restauração dos solos tropicais”.
Em agosto de 2021, os dois apresentaram o projeto para uma aceleradora europeia (https://remove.global/) e, a partir dessa etapa, nasceu a InPlanet (da qual Niklas e Felix são sócios e co-fundadores), uma empresa de remoção de carbono que atua em colaboração com os agricultores para restaurar seus solos e ajudá-los a fazer a transição para uma agricultura de baixo carbono, sustentável e baseada na natureza. No início de 2022, Niklas mudou-se para São Paulo para finalizar a última etapa do seu mestrado e permaneceu em intercâmbio na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). “Eu procurava estudar as ciências de solo com docentes de renome na área”. E da aproximação com docentes e pesquisadores da Esalq, concretizou seu objetivo. “Meu objetivo então era trabalhar nos dois continentes, a América do Sul e Europa, desta vez investindo no mercado de carbono”, conta.
Atualmente, a InPlanet tem sede no Brasil e na Alemanha e está associada, desde 2023, à Esalqtec Incubadora Tecnológica. “O Brasil já apresentava legislação vigente nesta área e, com a guerra na Ucrânia, aumentou a necessidade de encontrarmos vias alternativas que diminuíssem a dependência dos fertilizantes provenientes da Rússia”.
Na prática, a InPlanet atua no mercado de carbono e, como contrapartida no campo, emprega o uso de rochas como via de remoção de CO2 da atmosfera. A atividade de pesquisa e inovação acontece na Esalqtec e o viés comercial da startup acontece em território alemão. “O Brasil tem condições ideais, os solos tropicais e o uso de pó de rocha em terras agrícolas por aqui apresenta o maior potencial de remoção de carbono em todo o mundo”, complementa o COO Niklas.
Segundo Niklas, a aproximação com a comunidade científica brasileira no geral, e com a equipe da Esalq em particular, propiciou muitos benefícios para seu modelo de empreendimento. “Nossa operação acontece 100% em território brasileiro porque, além das condições climáticas favoráveis, o apoio da equipe da Esalq, da incubadora e dos profissionais que atuam com ciência do solo nos deram o suporte científico e ampliou nossa rede de contatos e investidores, o que nos ajuda a expandir o negócio e crescer de forma sustentável”.