Demanda por etanol de milho deve crescer no Brasi
A Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou relatório onde alerta que a demanda por biocombustíveis deve crescer cerca de 22% entre 2022 e 2027. A agência projeta que Brasil, Canadá, Estados Unidos, Indonésia e Índia representarão 80% dessa expansão. No Brasil, o etanol está presente em 50% da locomoção motorizada terrestre e esta participação só tende a crescer.
Nos últimos dez anos foram instaladas 18 plantas de etanol de milho e mais nove estão em construção no momento. Segundo dados da União Nacional do Etanol do Milho (Unem), a produção é estimada em seis bilhões de litros de etanol de milho na safra 2023/2024 - cerca de 19% de todo o etanol consumido no País – o que representa um acréscimo de 36% em relação ao ano passado e de 800% nos últimos cinco anos. A produção de etanol de milho no Brasil ainda apresenta vantagens em relação a outros países, pois o clima brasileiro possibilita várias safras ao ano, uma produção que pode ser destinada tanto para alimentos como para biocombustíveis.
Para Rafael Piacenza, gerente de desenvolvimento de negócios da Novozymes, empresa especializada no fornecimento de enzimas e leveduras para a indústria de etanol de milho, os números positivos desta indústria são explicados pela robustez do seu modelo de negócio. “Do lado do custo, os coprodutos correspondem a 30% do faturamento, equivalendo a aproximadamente metade do despendido com o milho. Do lado da receita, há uma correlação indireta entre o milho e o petróleo que no longo prazo ajusta a relação entre o custo do milho e o preço do etanol, garantindo a perpetuidade da operação”.
Segundo o especialista da Novozymes, o Brasil já está na segunda fase de desenvolvimento da indústria de etanol de milho e, por isso, é importante que o setor se prepare para atender as demandas e enfrentar eventuais períodos de crise de abastecimento de combustíveis. “Assegurar a rentabilidade da operação em cenários de incertezas passa por três pontos: tecnologia de processo, estratégia de operação e biotecnologia avançada”.
A tecnologia de processo é fundamental para o sucesso econômico da operação e para a segurança do investimento. “Há no mercado diversas opções de tecnologia de processo, e o investidor deve estar atento a fatores além do custo de implantação da fábrica. Investir em uma planta sem a etapa de evaporação da vinhaça fina para produção de DDGS, sem extração de óleo e de baixo rendimento de etanol pode significar até 25% menos faturamento e um resultado financeiro até 40% menor, comprometendo a viabilidade econômica do negócio”, ressalta.
Rafael Piacenza resume que “o sucesso econômico de uma planta de etanol de milho reside no tripé da operação de alta rentabilidade: tecnologia de processo, operação com alto teor de sólidos e biotecnologia avançada. Com esses três pontos é possível aumentar a produção em até 15% na capacidade de processamento, elevar o rendimento global da operação, adicionando de 5% a 7% a mais de etanol e de 15% a 20% mais óleo por tonelada de milho, além de reduzir a necessidade de fontes de nitrogênio, como a ureia, para o processo”.