Desmatamento cai, mas caminho é longo para zerar até 2030
A retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) é a principal responsável pela queda de 30,6% no desmatamento na região, avalia o Greenpeace Brasil. DE acordo com o projeto PRODES, a área desmatada somou 6.288 km², o que representa o melhor resultado dos últimos nove anos. Os números, no entanto, evidenciam que ainda tem muito a ser feito para acabar definitivamente com o desmatamento, objetivo que precisa ser atingido ainda antes de 2030. “Embora a volta da fiscalização e a estratégia de priorização de municípios críticos tenham refletido positivamente nos números anunciados, o Brasil segue muito longe do objetivo de desmatamento zero assumido pelo governo”, afirma a porta-voz da frente de Florestas do Greenpeace Brasil, Thaís Bannwart.
Thaís comenta que é necessário bloquear todos os caminhos utilizados pelos desmatadores, com ações estruturantes e medidas de longo prazo, tais como vedar crédito, regular efetivamente os fluxos financeiros que ainda chegam a quem desmata, além de avançar na transparência de informações socioambientais e em mecanismos que promovam a rastreabilidade total de produtos agropecuários. “Além de medidas estruturantes e políticas, é necessário recursos para a implementação das iniciativas. Depois do fracasso na discussão de mobilização de recursos da COP da Biodiversidade, a expectativa, apesar do cenário desafiador, é de que na COP29, entre 11 a 24 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão, se encontre uma solução para o financiamento dos países em desenvolvimento para viabilizar a transição justa”.
Outra oportunidade é o encontro do G20, no Rio de Janeiro, entre 14 e 16 de novembro, onde os participantes poderão refletir sobre a sua participação no combate às mudanças climáticas e despertar para a taxação da riqueza dos super ricos. Isso poderia financiar as ações necessárias para cumprir com o Marco Global da Biodiversidade e o Acordo de Paris.
A agropecuária e o desmatamento compõem a maior parte (75%) das emissões domésticas de gases do efeito estufa. De acordo com estimativas do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, 48% das emissões vieram de mudança do uso da terra e 27% foram provenientes do desmatamento, cujo principal vetor é a agricultura. “Na discussão sobre quem paga a conta, é fundamental responsabilizar as empresas que contribuíram com o caos climático e que lucram com a destruição da natureza, via tributação, eliminação de subsídios e punição pelos danos que causaram", aponta a porta-voz do Greenpeace Brasil.