Por Luiz Fernando Gerber *
Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre ESG (sigla para Environmental, Social and Governance, ou em português, Meio Ambiente, Social e Governança). Na prática, o conceito de ESG visa pautar as ações de uma empresa considerando seus impactos em sustentabilidade. A questão ambiental envolve as boas práticas que a empresa adota para neutralizar emissões de CO2, preservar os recursos naturais envolvidos na cadeia produtiva, bem como a gestão de resíduos e efluentes. O social avalia as relações da organização com funcionários, comunidade e fornecedores. Por fim, a governança foca em ações de combate à corrupção e compliance.
Estudos apontam que a sociedade também tem repensado suas atitudes em prol de um futuro sustentável. Uma pesquisa do IBM (Institute for Business Value) realizada com quase 15 mil pessoas em oito países, além do Brasil, aponta que os critérios ESG são uma forma de atrair candidatos para as empresas: 71% dos trabalhadores e pessoas buscando novas oportunidades afirmam que empresas ambientalmente sustentáveis são mais atraentes para se trabalhar. O estudo do IBM indica que 66% dos brasileiros estão dispostos a mudar seus hábitos de consumo para reduzir problemas ambientais.
A agência de pesquisa norte-americana Union + Webster também sugere mudanças de comportamento. Para 87% dos consumidores brasileiros, é preferível comprar de empresas sustentáveis. Os dados mostram também que 24% da população brasileira é da geração Z (pessoas nascidas entre 1999 e 2019), representando o segundo maior mercado consumidor do Brasil, seguido dos millenials (nascidos entre 1981 e 1998). Essa transformação no comportamento de consumo acende um sinal amarelo para que as empresas adotem práticas sustentáveis se quiserem continuar atraentes para esse público.
Impulsionada por essa geração mais engajada, a economia circular tem ganhado força. A OLX aponta que, entre os 39% dos brasileiros que já compraram produtos usados, 45% deles tiveram esse primeiro contato na pandemia. Em tempo de recessão, é preciso repensar os hábitos e apertar o cinto. O estudo ainda projeta que o mercado de “segunda mão” deva atingir US$ 64 bilhões nos próximos anos, ultrapassando o segmento de vendas tradicionais até 2024.
A indústria da moda, por exemplo, é uma das mais poluentes do planeta, conforme aponta a Organização das Nações Unidas (ONU). Ela é responsável por algo entre 8% e 10% das emissões de gás carbônico, e é a segunda que mais consome água, gerando cerca de 20% de todo o esgoto e água despejados no ambiente.
Com todos esses dados, fica evidente o importante movimento que está transformando as relações de consumo. Vale observar também que e-commerce, que já estava em alta, ganhou ainda mais força com o crescimento da migração para as compras via smartphones – uma pesquisa realizada pela Shopping Apps Report estima que 75% das vendas neste ano serão feitas nesta modalidade.
Neste cenário, ganham força aplicativos que conectam pessoas que querem vender, comprar ou trocar produtos seminovos, além de colocar em contato prestadores de serviços que oferecem seus trabalhos em troca de produtos ou outros serviços.
Cada vez mais as pessoas estão reconhecendo que seus hábitos de consumo têm grande impacto no meio ambiente, e que para alcançar um futuro sustentável, é fundamental consumir de forma consciente.
* Luiz Fernando Gerber é CEO do Finpli, aplicativo que facilita a troca de produtos entre pessoas pela sua proximidade, usando um sistema de geolocalização.