Ferramenta para levar insumo a vulneráveis

08/12/2021
O equipamento pesa apenas 12 kg e uma unidade consegue abastecer até 100 pessoas.

A startup brasileira PWTech, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Centro Internacional de Referência em Reúso de Água (Cirra - UPS), desenvolveu o equipamento portátil PW5660 , que permite transformar 5 mil litros de água contaminada da chuva e de rios, poços, represas, açudes e lagos em água potável por dia. O equipamento pesa apenas 12 kg e uma unidade consegue abastecer até 100 pessoas -- considerando que cada uma consumiria 50 litros por dia --, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O sócio-fundador da startup, Fernando Silva, conta que o objetivo é atender, especialmente, comunidades carentes. "É fato que no Brasil há sérios problemas de saneamento que perduram há séculos. Mas a falta de acesso à água de qualidade afeta não só a saúde da população mais pobre, como também gera problemas sociais", afirma. "Por exemplo, há registros de 15% de evasão escolar no Brasil por conta disso. Fizemos um mapeamento que apontou que, só no Estado de São Paulo, 952 unidades de ensino não fornecem água tratada, refletindo diretamente na saúde de milhares de crianças e adolescentes", revela. Com o foco em responsabilidade social, a PWTech desenvolve o Projeto Nascente com a finalidade de garantir saneamento básico aos moradores da Ilha do Bororé, localizada às margens da represa Billings, em São Paulo (SP). Sem abastecimento de água potável, a comunidade consumia água proveniente de poços instalados nas residências, sem qualquer tipo de tratamento prévio.

Em 2021, o mecanismo foi utilizado, também, no Haiti e auxiliou cerca de 150 mil pessoas que foram afetadas pelo terremoto de 7.2 na escala Richter que ocorreu no dia 18 de agosto. "Oferecemos 32 equipamentos que foram levados por meio de uma missão humanitária do Ministério das Relações Exteriores", conta Fernando. A PWTech busca também prevenir, combater e mitigar impactos negativos do homem na natureza. Em 2021, por exemplo, ganhou a licitação da ONU, por meio da UNOPs do Brasil, para atender desastres naturais como incêndios florestais e terremotos. "Agora, atuamos com o Ibama e ICMBio. Eles têm grupos de brigadistas que vão para dentro da mata, onde só havia água de mananciais para consumir e trabalhar. Por ser um equipamento simples e portátil, o PW5660 resolveu esse problema das equipes, que ficam muito tempo em regiões remotas e de difícil acesso", explica a cofundadora da PWTech e engenheira química, Maria Helena Cursino. 

Com o diferencial de ser portátil, de fácil manuseio, baixo custo e alto patamar de vazão, a startup busca, agora, ampliar sua área de atuação para segmentos de pequena e média escala, como o da construção civil e da pecuária, e, assim, almeja alcançar, em 2022, o faturamento de R$ 3 milhões. "Ainda há muito mercado para ser explorado e estamos abrindo oportunidades em canteiros de obras e indústrias para aproveitamento de chuva. Hoje, a nossa maior atuação é com órgãos governamentais e instituições voltadas para o coletivo", finaliza a empreendedora.