“Setor cimenteiro do Brasil é referência internacional em descarbonização”
“A crise climática é real. Os eventos extremos se intensificam. A urgência da sustentabilidade bate à nossa porta todos os dias. No final do ano, em Belém, o país sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, reunindo líderes globais, cientistas, iniciativa privada e representantes da sociedade civil. E é nesse cenário que a indústria brasileira do cimento se apresenta, não como um problema, mas como parte essencial da solução. Há muitos anos assumimos com seriedade e compromisso nosso papel diante da agenda global. Atuamos com responsabilidade ambiental, social e econômica. Fomos pioneiros e seguimos como referência internacional em descarbonização. Desde 1990 temos uma das menores pegadas de carbono do mundo. Tratamos com rigor técnico e visão estratégica temas como combustíveis alternativos, adições ao cimento, matérias-clima substitutas do clinquer, eficiência energética e soluções de captura, estocagem e uso de carbono, sejam elas tecnológicas ou baseadas na natureza. Essa trajetória nos orgulha, mas também nos impõe continuar avançando”.
Foi com estas palavras que o presidente do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) e da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), Paulo Camillo Penna, abriu o 9º. Congresso Brasileiro do Cimento e Expocimento 2025, que se realizam em São Paulo até o dia 2 de julho, nas dependências do WTC.
Segundo Paulo Camillo, um dos grandes exemplos dessa jornada empreendida pela indústria do cimento é o coprocessamento, lembrando que em 2023 cerca de 3,2 milhões de toneladas de resíduos urbanos foram coprocessados em fornos de cimento. Isto equivale a 1,5 milhão de caçambas de lixo. Além disso, 60% dos pneus usados que seriam descartados foram utilizados como combustível. Com isso, 3,4 milhões de toneladas de carbono deixaram de ser emitidos para a atmosfera. “Com investimentos estimados em cerca de 4 bilhões de reais, na implantação de unidades de tratamento de adequações em nossas fábricas, o setor já projeta ultrapassar a marca de 35% de substituição térmica até 2030”, disse ele.
O dirigente do SNIC e ABCP disse, ainda, que o rumo do setor foi traçado em 2019, quando foi elaborado o roadmap tecnológico do cimento, visando alcançar a neutralidade climática. “Fomos protagonistas em importantes discussões nacionais. Atuamos ativamente na definição de metas setoriais de descarbonização que integram o novo plano clima do governo federal. Participamos da histórica aprovação do marco legal do mercado de carbono do Brasil, instituindo o sistema brasileiro de comércio de emissões sancionado após a COP29”, acrescentou Camillo Penna, informando que agora o setor trabalha na regulamentação desse instrumento.
Outro destaque da indústria é o avanço, no Brasil, do pavimento rodoviário de concreto, tendo-se atingido o maior volume histórico já registrado, “566 mil toneladas de cimento em 30 projetos convertidos. O pavimento de concreto está presente em 4,5% das rodovias federais e projeções apontam que esse percentual deve subir em breve para 10%”.
Ele disse, também, que a indústria cimenteira ajudou a modernizar o setor industrial que utiliza o cimento como matéria-prima, “fortalecendo orientações de gestão, tecnologia, qualidade, inovação, produtos e processos. E ainda contribuímos para inserir essas empresas no debate ambiental com o apoio para sua Inovação também é palavra de ordem. Seguimos desenvolvendo projetos do Hub da Inovação na construção, o HUBIC, em parceria com a Universidade de São Paulo, com destaque para três projetos em andamento, dois deles financiados pela Embrapii”.
O 9º. Congresso Brasileiro de Cimento abordará, até o dia 2 de julho, os temas “Perspectivas da Indústria do Cimento para Alcançar a Neutralidade Climática”, “Iniciativas de Descarbonização da Indústria do Cimento Brasileira” e “Instrumentos de Descarbonização Industrial dentro da Estratégia Climática Brasileira”, “Crescimento Sustentável Impulsionado pela Tecnologia do Coprocessamento”, “A Cadeia de Resíduos e suas complexidades regionais” e “Coprocessametno como solução Sustentável na Gest ão de Resíduos Urbanos”. Paralelamente ao Congresso, acontece a Expocimento, com vários expositores demonstrando equipamentos e tecnologias.