Agronegócio Fica de Fora do Mercado de Carbono no Brasil

16/12/2024
Exclusão do setor rural levanta debates sobre perdas econômicas, impacto ambiental e a posição do país em fóruns internacionais

O governo federal sancionou recentemente a criação do mercado regulado de carbono no Brasil, mas decidiu excluir o agronegócio das obrigações. Segundo o projeto, apenas setores industriais que emitam mais de 10 mil toneladas de dióxido de carbono por ano terão que cumprir metas rígidas de redução ou pagar por créditos de carbono. Já o agronegócio, que é responsável por cerca de 27% das emissões nacionais, participará apenas de forma voluntária.

O agronegócio foi excluído por pressão da bancada ruralista, o que gerou críticas de especialistas. Eles apontam que o setor perde uma oportunidade econômica, já que poderia gerar créditos de carbono com práticas mais sustentáveis. Além disso, essa exclusão levanta preocupações sobre a reputação do Brasil em fóruns internacionais, onde o país é observado de perto devido ao seu protagonismo ambiental​.

Apesar das críticas, o governo argumenta que o mercado de carbono permitirá ao Brasil explorar seu potencial em ativos naturais, como a conservação de florestas. O setor industrial, por outro lado, terá que se adaptar às exigências das novas regras em até seis anos. Estima-se que o mercado global de carbono já tenha movimentado US$ 100 bilhões em 2022, e o Brasil busca alinhar sua regulamentação com padrões internacionais, como os da União Europeia.

Especialistas alertam, no entanto, que a exclusão do agronegócio pode dificultar ainda mais os esforços de descarbonização no país, já que o setor agrícola é uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa, especialmente de metano e óxido nitroso. Para muitos, o Brasil deveria focar em criar incentivos para que o agronegócio adote práticas mais sustentáveis, unindo ganhos econômicos e ambientais​.