Alternativa limpa para melhorar condições do solo
siderúrgico relativamente baixo, além da possibilidade de aplicação direta em solo ou na composição de fertilizantes organominerais.
Segundo Lucas Silva, autor do estudo e bolsista da Embrapa Meio Ambiente, a severidade da murcha de Fusarium e a atividade microbiana no solo foram inversamente proporcionais às concentrações de biocarvão incorporadas ao solo. À medida que as concentrações foram aumentadas, não apenas a massa fresca e seca da raiz e da parte aérea cresceu, mas também o diâmetro do caule. Além disso, houve efeito na redução da germinação de Fusarium microconidia. “A redução na severidade da murcha de Fusarium do tomateiro com concentrações crescentes de biochar no solo pode ser explicada pela indução de resistência sistêmica. Na literatura científica, há relatos de que a adição de biochar induz resistência ao mofo cinzento e ao oídio tanto em pimentão quanto em tomateiro”, afirma Silva.
O aumento no carbono da biomassa microbiana mostrou que a biomassa microbiana aumenta no solo próximo às partículas de biocarvão. Além disso, maiores taxas de crescimento de comunidades microbianas foram observadas em camadas de solo enriquecidas com carvão vegetal, o que indica que os microrganismos são capazes de utilizar frações de carbono do biocarvão para seu desenvolvimento. A supressão de doenças de plantas causadas por patógenos de solo pode estar relacionada à capacidade de adsorção do biochar para reduzir compostos (exsudatos radiculares), o que de outra forma facilitaria a detecção de patógenos e infecção nas raízes, uma vez que os exsudados radiculares agem como quimioatrativos para uma série de fitopatógenos e estimulam germinação de esporos. “Em experimentos em estufa, o carvão ativado adsorve compostos alelopáticos produzidos pelas plantas. Portanto, é razoável supor que as interferências do biocarvão incorporado ao solo ocorram entre raízes e fitopatógenos de solo”, afirma Andrade.
O pesquisador conclui, então, que a abundância e o comportamento de crescimento das raízes podem mudar em resposta à presença de biochar. Os impactos são positivos na fertilidade do solo e nos atributos físicos e biológicos, as raízes podem ter melhor desenvolvimento e vigor, contribuindo para a obtenção de produtividades competitivas. “Nosso foco em pesquisas futuras é avaliar um possível sinergismo entre os agentes de biocontrole e o biocarvão incorporado ao solo”, diz Andrade.