Fontes renováveis respondem por 90,4% da demanda brasileira
A Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (ABSOLAR) realizou mapeamento com base em dados e estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e constatou que a fonte solar respondeu por 9,6% de todo o suprimento elétrico do Brasil nos meses de agosto e setembro (1/8 a 19/9), com mais de 7,5 mil megawatts médios (MW médios), tendo pouco mais da metade do abastecimento vindo da geração própria solar (4,6 mil MW médios), ou seja, sistemas solares instalados em telhados e pequenos terrenos. A entidade diz ainda que se somadas as demais fontes renováveis, como hídrica (49 mil MW médios), eólica (11 mil MW médios) e biomassa (1,4 mil MW médios), o abastecimento renovável neste período chegou a cerca de 90,4% da demanda elétrica brasileira.
A partir de outubro, os consumidores brasileiros pagarão, com a bandeira vermelha patamar 2, um adicional de quase 8%, com R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos no mês, resultado do acionamento de termelétricas fósseis emergenciais. Na avaliação da ABSOLAR, esse cenário poderia ser ainda mais preocupante. Com mais de 47 GW de potência instalada operacional, somando as grandes usinas e os pequenos sistemas de geração própria solar, a tecnologia fotovoltaica já evitou a emissão de 57 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade desde 2012. Durante a crise hídrica anterior, de 2021, até então a maior dos últimos 91 anos, o governo criou a “bandeira vermelha escassez hídrica” e os consumidores arcaram com custos adicionais de R$ 28 bilhões, por conta do uso de todas as termelétricas fósseis emergenciais e da importação de eletricidade da Argentina e Uruguai. A consultoria especializada Volt Robotics fez estudo sobre o papel da geração distribuída solar naquele período e constatou que o custo teria sido de R$ 41,6 bilhões, ou seja, 48,6% maior, caso a sociedade não tivesse geração própria solar. Naquela época, o Brasil tinha apenas 7,5 GW em sistemas solares em telhados e pequenos terrenos. “Sem estas fontes renováveis, as tarifas estariam mais altas, o risco ao abastecimento seria maior e o ar estaria sobrecarregado com mais poluentes e gases de efeito estufa”, aponta Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR.
Para a ABSOLAR, a atual crise climática no Brasil, que já acumula impactos bilionários à sociedade, com alagamentos, secas históricas, queimadas e mais gastos com saúde pública, estaria num patamar ainda pior, se não fosse o alívio à demanda e aos recursos hídricos, proporcionados pelas fontes renováveis não-hídricas. “O uso da energia renovável combinada com tecnologias de armazenamento pode aliviar ainda mais a pressão sobre as tarifas de energia elétrica e o consequente aumento na inflação, que corrói o poder de compra das famílias e a competitividade dos setores produtivos. Neste cenário, a energia solar é uma das melhores soluções para se proteger das bandeiras tarifárias e, assim, aliviar o bolso dos brasileiros, diante de um cenário hídrico cada vez mais desafiador”, comenta Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR.