Mariana ganha obras para avançar esgotamento sanitário
O município mineiro de Mariana está ampliando o sistema de esgotamento sanitário, como parte das medidas compensatórias pelo rompimento da barragem de Fundão. A obra inclui a execução de redes coletoras, redes auxiliares e rede interceptora em diversos bairros, com extensão total de 46,8 km. A nova estrutura terá capacidade de atendimento de 51,5 mil pessoas. A primeira fase da construção está orçada em R$ 53,5 milhões. Já a segunda fase do sistema inclui a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) com capacidade de vazão de 245,49 litros por segundo, com o objetivo de impedir que o esgoto seja lançado nos cursos d’água sem tratamento. Esta fase depende ainda da elaboração do projeto e do orçamento pela Prefeitura do município, responsável por toda a elaboração do projeto, licitação da obra e contratação da empresa executora. A Fundação Renova é a financiadora de todas as etapas da intervenção.
Com o início da ocupação pelos moradores em abril de 2023, os distritos Novo Bento Rodrigues e Paracatu foram os pioneiros a dispor de serviços de tratamento de água e esgoto. O sistema de esgotamento sanitário de Novo Bento Rodrigues tem aproximadamente 8 km, enquanto a extensão em Paracatu 1,7 km. A ETE de Novo Bento Rodrigues permite que o esgoto proveniente de casas e outros imóveis seja devidamente tratado e reintegrado ao rio Gualaxo do Norte, evitando sua contaminação. Por estar localizada no terreno mais baixo do novo distrito, a nova ETE viabiliza o transporte dos resíduos de maneira natural, sem a necessidade de sistemas de bombeamento. Além disso, o processo de purificação prescinde da utilização de substâncias químicas, operando com base na exposição aos raios solares e do ar: a técnica permite que as bactérias efetuem a depuração do esgoto, por meio de métodos anaeróbicos e aeróbicos. Situada em um terreno afastado, a ETE de Paracatu trata o esgoto das residências e imóveis de uso coletivo antes de ele ser lançado no córrego Coelhos, evitando sua poluição. A estrutura é composta por quatro lagoas, biofiltros para retirada de odores, laboratório e demais bases de apoio.
A Fundação Renova já disponibilizou R$ 760 milhões até fevereiro de 2024 para diversas ações de saneamento às cidades do entorno da bacia do rio Doce, dos quais R$ 122 milhões foram repassados. Entre 2021 e 2023, foram concluídas obras de sistemas de esgotamento sanitário e de resíduos sólidos em oito municípios – seis em Minas Gerais e dois no Espírito Santo. As estruturas finalizadas têm potencial de atendimento de 164,6 mil pessoas. Somados, os sistemas de esgotamento sanitário concluídos tratam 275 litros de esgoto por segundo, o que corresponde a um processamento diário de 23 milhões de litros, cuja carga poluidora deixaria de ser lançada sem tratamento ao longo do rio. O volume equivale a aproximadamente três vezes o esgoto diário produzido pelo município de Mariana (8,4 mil m³).
Além de Mariana, outras intervenções estão em andamento em 16 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo. A expectativa é que, ao final delas, o rio atinja um patamar de despoluição que não se vê há anos, já que, segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce), 69% de todo o esgoto gerado pelos municípios da bacia não passam por tratamento e são despejados diretamente em seu leito. Os bancos de desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e do Espírito Santo (Bandes) são os agentes financeiros responsáveis pelos repasses aos municípios e pelo acompanhamento da aplicação dos recursos.