SOS Pantanal lança Águas do Pantanal

16/03/2023
Expedição ‘Águas que Falam’ percorrerá municípios do chamado Pantanal Sul, como Campo Grande, Aquidauana, Miranda e Corumbá

Instituído pela ONU em 1992 durante a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro (Rio 92), o Dia Mundial da Água é comemorado no dia 22 de março. Para lembrar a data em 2023 , a SOS Pantanal, instituição que luta para a preservação do bioma sul-mato-grossense, com especial atuação no combate às queimadas e na promoção de advocacy para políticas públicas, anunciou um novo programa, desta vez voltado para o monitoramento da qualidade dos recursos hídricos, o programa Águas do Pantanal. 

Com apoio da Fundação Toyota e realizada em parceria com a organização Chalana Esperança, a expedição ‘Águas que Falam’ percorrerá municípios do chamado Pantanal Sul, como Campo Grande, Aquidauana, Miranda e Corumbá. “A ideia é aprofundarmos a compreensão de que o Pantanal depende da água, assim como é moldado pelo fogo. Precisamos entender a qualidade da água que está chegando ao Pantanal e se o volume, que está diminuindo, é suficiente para sua preservação. A ideia desta primeira expedição é investigar essas questões porque ainda não há muitos trabalhos perenes sobre essa pesquisa. A expedição “Águas que Falam” terá essa função de entender qual é o cenário, para que a gente possa montar as melhores estratégias, agir e reverter os quadros atuais e fazer previsões sobre o futuro do Pantanal”, explica o biólogo e diretor de Comunicação e Engajamento do Instituto SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa.

O projeto irá medir a qualidade da água em diversos pontos do Pantanal Sul, além de ter uma importante frente de interlocução com as comunidades locais, em que o objetivo é registrar depoimentos de moradores que vivem próximos aos rios, para dar voz a quem tem que lidar com os problemas acarretados pela poluição e diminuição do volume de águas no Pantanal.  “A ação será feita em parceria com o projeto Chalana Esperança, uma instituição que é nossa parceira e tem um papel importantíssimo no Pantanal. Nosso foco será nas comunidades. A gente vai conversar com as pessoas que vivem e dependem dos rios para entender qual é a visão delas sobre a água e o que mudou nos últimos anos: se diminuiu o estoque pesqueiro e a quantidade de água ou se aumentou a poluição e como isso tem afetado a vida deles”, pontua Figueirôa.

“O projeto inclui a distribuição de materiais educativos, a capacitação de diferentes comunidades para que elas possam protagonizar o monitoramento e momentos de troca de saberes, em que a visão para o futuro e a conservação das águas do Pantanal poderá ser construída em conjunto”, diz a coordenadora de Educação para Conservação e co-fundadora da Chalana Esperança, Daniella França. Para Daniela, ao convidar as comunidades para protagonizarem este monitoramento, você envolve não apenas as pessoas que habitam o bioma e são as mais afetadas pelos seus problemas, mas, também, permite-se que sejam traçadas, em conjunto, estratégias de longo prazo para a conservação do Pantanal. 

O Instituto SOS Pantanal desenvolve desde 2009 ações em quatro principais frentes de atuação: a promoção de políticas públicas que facilitem o diálogo entre a sociedade e o poder público, de modo a gerar ações que beneficiem tanto o meio ambiente quanto o desenvolvimento econômico da região; o combate a incêndios, por meio do programa Brigadas Pantaneiras, que estrutura operações incisivas contra queimadas naturais ou decorrentes de ações criminosas; a produção de informações sobre o Pantanal, por meio de monitoramentos remotos e territoriais, agregando e divulgando conhecimentos relevantes sobre o bioma; a restauração socioambiental, com ações desenvolvidas em áreas degradadas e em locais de segurança, com incentivo a pesquisas e projetos locais. “Este projeto difere de nossas outras ações, mas envolve o que a gente faz estruturalmente: a compreensão de um problema a fundo. Da mesma forma que a gente fez com a questão do fogo, quando estruturamos um programa de brigadas para ser uma das soluções para o problema, vamos agora fazer o mesmo com o projeto de águas, para, em campo, entender o que está acontecendo e podermos propor junto à sociedade civil melhores propostas de gestão para políticas públicas”, conclui.