Agropalma adota tecnologia para monitorar focos de incêndio em suas áreas

02/07/2025
A Amazônia foi o principal bioma afetado, concentrando 58% das queimadas, impulsionadas por um regime de chuvas abaixo da média histórica.

Segundo dados do Monitor do Fogo do início de 2025 divulgados pelo MapBiomas, o Brasil teve 30,9 milhões de hectares queimados em 2024 – área superior ao tamanho do Uruguai. A Amazônia foi o principal bioma afetado, concentrando 58% das queimadas, impulsionadas por um regime de chuvas abaixo da média histórica. No recorte estadual, o Pará foi o mais atingido pela devastação. Mesmo com o fim da temporada do fenômeno El Niño, a imprevisibilidade do clima, as secas e os riscos de queimadas continuam sendo um desafio. Diante desse contexto, a Agropalma, empresa brasileira reconhecida mundialmente como referência na produção sustentável de soluções com óleo de palma, tem investido na mitigação de focos de incêndio, que envolve desde estratégias preventivas até ações pontuais para evitar grandes devastações, sobretudo em sua reserva florestal, que corresponde a 64 mil hectares. “Manter o compromisso com a sustentabilidade é uma das prioridades da Agropalma, e isso inclui contribuir com a Amazônia de pé. Por isso, identificar de forma rápida um incêndio, esteja ele dentro dos nossos limites ou não, e combatê-lo é uma parte importante dos nossos esforços”, defende Caio Rodrigues, engenheiro ambiental da Agropalma. 

A empresa adotou na área de Agricultura de Precisão o uso da SMAC - plataforma integradora desenvolvida pela Climatempo. A ferramenta oferece, em tempo real, informações de previsibilidade climática de curto e longo prazos e alerta sobre eventos que impactam o equilíbrio ambiental, como as queimadas. “Diferentemente de outras plataformas públicas, que são mais abrangentes e se concentram em todo o estado do Pará ou até mesmo em toda a região Amazônica, como faz o INPE, a SMAC direciona e fornece informações específicas sobre queimadas nas nossas áreas agrícolas e de reserva”, explica Anderlon Andrade, coordenador Técnico em Agricultura de Precisão da Agropalma.

Atualmente, a Agropalma tem oito pontos de monitoramento dentro de sua propriedade, além de outros oito pontos extras instalados em municípios paraenses de Acará, Baião, Cametá, Igarapé Mirim, Mocajuba, Moju, Tailândia e Tomé Açu, totalizando 16 pontos. Cada um cobre um raio de até 10 quilômetros e pode ser visualizado na interface da SMAC, na qual as informações sobre cada área são atualizadas em tempo real conforme os satélites do Climatempo detectam alterações.

No caso do monitoramento de queimadas, cada vez que um novo foco é reconhecido surge um ícone de fogo no ponto em que a irregularidade foi identificada. Simultaneamente, alertas são enviados para o time de Agricultura de Precisão, que informa, mobiliza e direciona equipes de Segurança Patrimonial e Segurança do Trabalho, que contam com brigadistas treinados e capacitados segundo as diretrizes do Corpo de Bombeiros para o controle do fogo. O suporte aos times de segurança é completo, uma vez que dispõe de um sistema de monitoramento por câmeras e diversos maquinários, como sete caminhões-pipa, uma pá carregadeira, um trator de esteira e bombas costais, entre outros aparatos úteis para incêndios de pequenas até grandes proporções. 

A SMAC torna-se ainda mais crucial entre os meses de julho e novembro, com a chegada do Verão Amazônico, quando as temperaturas se elevam, há menos chuvas e o clima mais seco favorece o surgimento de queimadas. Em paralelo a esse monitoramento, há o acompanhamento contínuo dos dados meteorológicos fornecidos pela plataforma, que são foco constante dos analistas. “O agronegócio não olha apenas as informações momentâneas, mas, sim, o longo prazo”, afirma Eliana Gatti, executiva de Vendas na Climatempo INFRA, que ressalta que a personalização é essencial nesse setor. “Ao planejar uma ação na lavoura, o agricultor precisa saber a umidade específica, qual será a temperatura, se vai chover e como essas variáveis irão se comportar, porque tudo impacta a safra”. Segundo Andrade, que acompanhou a implementação da SMAC na companhia, o alcance à previsibilidade climática transformou a maneira como os estudos de produção são realizados e ajudou a orientar ações estratégicas. “A produção do óleo está diretamente relacionada ao clima. Antes da implementação desse projeto, as informações eram imprecisas, baseadas somente em dados do passado utilizados para tentar prever o comportamento futuro do clima”, conta. “A SMAC nos fornece informações a respeito do futuro com base na análise do passado, mas com foco nos dados meteorológicos fornecidos por satélites”, acrescenta Andrade. 

Os benefícios da plataforma são diversos e abrangem desde o aspecto ambiental até o financeiro. Com uma boa previsibilidade, o planejamento se torna mais assertivo e os agricultores conseguem, por exemplo, programar a manutenção das plantações sem arriscar desperdícios. Ao saberem com que tipos de eventos climáticos as plantações foram expostas, torna-se mais preciso o planejamento da colheita. No caso da preservação da floresta original, esse planejamento é importante para, com base nas experiências e dados relacionados ao passado, aperfeiçoar o plano de ação para tornar a mitigação dos incêndios cada vez mais eficiente. 

Atenta às diversas vantagens trazidas pela SMAC sobre o clima e possíveis eventos, como as queimadas, a Agropalma tem se dedicado a criar meios de compartilhar esses dados com comunidades do entorno e agricultores parceiros que integram o Programa de Agricultura Familiar e Integrada da companhia. O programa conta hoje com 374 agricultores familiares e 63 produtores integrados. O objetivo é que esses pequenos produtores tenham o apoio da empresa no acesso a essas informações para que possam planejar seu cultivo e manejo com mais precisão — muito além da previsão do tempo diária que eles consultam atualmente — e proteger suas áreas das queimadas. Em períodos como o Verão Amazônico, cartilhas e avisos sobre os perigos das queimadas são compartilhados com esses coletivos, recomendando, por exemplo, que esses residentes evitem o uso da técnica de queima da vegetação, culturalmente utilizada para preparar o ambiente para o próximo período de cultivo, mas que já demonstrou ser ineficaz e até mesmo uma ameaça, podendo se tornar, inclusive, o pontapé de um incêndio de grandes proporções.