Conferência Ethos 2025 reforça papel estratégico das empresas na agenda climática
No dia 12 de agosto, São Paulo foi palco de um debate decisivo sobre o futuro socioambiental do planeta. Durante a Conferência Ethos 2025, líderes empresariais, especialistas e representantes de comunidades mostraram que o caminho para enfrentar a crise climática passa por ampliar compromissos, ouvir de forma genuína e alinhar negócios a soluções que unam sustentabilidade, justiça social e desenvolvimento econômico.
Um dos momentos centrais foi o painel “10 anos do Acordo de Paris: o papel das empresas na agenda da COP – além do clima”, que trouxe a necessidade de ampliar o escopo das pautas da COP para além da questão climática, incorporando temas como justiça social e redução das desigualdades. Fábio Alperowitch, sócio fundador da Fama Investimentos e conselheiro do Instituto Ethos, destacou que o setor empresarial e financeiro precisa amadurecer, internalizar riscos e compreender a urgência de uma mudança cultural. “Com o aumento da desigualdade, as empresas acabam vendendo apenas para o topo da pirâmide. É preciso levar a sério a situação atual e entender a dimensão do setor financeiro na transformação”, afirmou.
O debate também abordou os riscos e impactos relacionados a setores estratégicos como agronegócio, seguros e mercado imobiliário. Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), ressaltou a necessidade de construir novos compromissos na COP30. “A conferência é sobre tudo o que está acontecendo agora, e também sobre o que projetamos para os próximos dez anos. As empresas precisam ocupar espaços, articular soluções e mostrar resultados concretos”. Na mesma linha, Álvaro Almeida, diretor da GlobeScan no Brasil e América Latina, frisou que a escuta ativa com stakeholders e o entendimento profundo sobre sustentabilidade serão pilares centrais da próxima COP.
Entre as contribuições corporativas apresentadas, a Hydro destacou estratégias para o desenvolvimento sustentável nos territórios, evidenciando a conexão entre violência, clima e questões socioeconômicas. Paula Marlieri, diretora de Relações Externas da Norsk Hydro Brasil, apresentou o projeto Territórios pela Paz, que oferece serviços essenciais como atendimento de saúde, emissão de documentos para cidadãos fora do sistema, além de promover cultura, esporte e lazer. “A sociedade faz parte do território, e a cultura do povo é o que direciona a bússola para o futuro”, pontuou.
Representando a comunidade de Barcarena (PA), a produtora agroecológica familiar, Paula Ferreira, falou sobre o impacto positivo do turismo de base comunitária (TBC), que inclui trilhas guiadas, atividades de educação ambiental e a comercialização de alimentos saudáveis produzidos do local. “O respeito ao território é deixar que ele seja cuidado por quem o conhece e sabe preservá-lo”, afirmou, destacando a autonomia conquistada por meio de iniciativas agrícolas e comerciais.
A presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Andréa Álvares, reforçou que os impactos sociais devem ser tratados com prioridade, a fim de prevenir degradação e violência, e defendeu uma visão equilibrada nas relações entre setor público, privado e comunidades. Para os participantes, o diálogo eficaz requer intencionalidade e propósito claros, além de uma governança forte, comunidades unidas e processos de construção colaborativa.
A Conferência Ethos 2025 reafirmou que as empresas, ao unirem capacidade econômica, organização e visão estratégica, podem ser protagonistas na implementação de soluções duradouras para os desafios socioambientais. Mais do que nunca, o futuro sustentável dependerá da convergência de esforços, da escuta ativa e da construção de agendas inclusivas e transformadoras.