Produção cresce 2,7% no primeiro semestre
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), a produção nacional de cloro atingiu 535,3 mil toneladas no primeiro semestre de 2023, um aumento de 2,7% na comparação com o mesmo período de 2022. Já o consumo cativo de cloro (quando o cloro é utilizado internamente para a produção de outros químicos) cresceu 1,9% em relação ao primeiro semestre do ano anterior, com destaque para a produção de dicloreatano (DCE), ácido clorídrico e hipoclorito de sódio.
A capacidade instalada de produção de cloro no Brasil é 1,5 milhão de toneladas/ano, que corresponde a 2% da capacidade mundial. Porém, a taxa de utilização se manteve em níveis próximos a 75%. Já a produção de soda cáustica - realizada simultaneamente com o cloro – alcançou 588 mil toneladas, mas, em contrapartida, as vendas internas de soda cáustica caíram 1,5% frente ao apurado no mesmo período de 2022 para setores como papel celulose, petroquímica e tratamento de água. O uso cativo de soda cáustica também foi abaixo do necessário, ficando em -5,6%.
A Rota Estratégica da Indústria de Cloro-Álcalis, lançada pela Abiclor em agosto, mostra que a cadeia de cloro-álcalis representa 1,1% do valor adicionado do PIB nacional. De 2017 a 2021, este setor recebeu R$ 3 bilhões de investimento privado das empresas produtoras e a expectativa é que o montante recebido de 2022 a 2025 seja um investimento total de R$ 5 bilhões.
O setor gera impactos significativos em toda a indústria brasileira, afinal de contas o cloro e soda são utilizados como insumos ou durante o processo produtivo de mais da metade dos produtos químicos disponíveis no mercado, além de serem indispensáveis para a fabricação de medicamentos plásticos, espumas, pigmentos, remédios, defensivos agrícolas e muitos outros. O setor de cloro-álcalis produz elementos indispensáveis para saneamento básico de água e esgoto nas cidades e essenciais para as indústrias de celulose, alumínio e petróleo. “Embora os resultados do primeiro semestre de 2023 sejam favoráveis, o setor ainda precisa crescer 15% para retomar o potencial nacional de produção que tinha há 10 anos. O Brasil precisa resolver um tema fundamental para a sua competitividade, que são os custos de matérias-primas, como o gás natural e a eletricidade. Além disso, temos questões de logística e infraestrutura, tributação, ambiente regulatório e segurança jurídica que dificultam o crescimento do setor. É necessário implementar ações para reverter esse quadro com alcance social do segmento, transição verde como ferramenta de competitividade e inserção no mercado internacional”, afirma Milton Rego, Presidente Executivo da Abiclor.
Do ponto de vista tecnológico, o Brasil segue o mesmo movimento mundial das plantas industriais de cloro-álcalis. Nos últimos 20 anos, todo o aumento de capacidade no mundo foi feito a partir da tecnologia de membrana e o Brasil deverá passar por um período de investimentos da ordem de R$ 750 milhões para atualização de suas plantas, inclusive para cumprir as determinações da Convenção de Minamata, da qual o Brasil é signatário e que trata, entre outras coisas, da eliminação do mercúrio em processos industriais.
Além de estar alinhada ao Marco de Saneamento e à nova política industrial divulgada pelo governo no início de julho, a Rota Estratégica da Indústria de Cloro-Álcalis pretende identificar barreiras e fatores críticos de sucesso do setor e, desta forma, fomentar ações orientadas ao desenvolvimento da cadeia de cloro, álcalis e derivados. Caso a implementação das ações da Rota Estratégica superem as atuais barreiras para o crescimento, a Abiclor estima que o investimento envolvido seja na faixa US$ de 600 milhões. Com isso, o setor de cloro-álcalis conquistaria um aumento de 400 mil toneladas na produção de cloro, soda, hidrogênio e seus derivados.