Um novo banco de dados sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) está sendo desenvolvido na região amazônica. A iniciativa conta com a coordenação do cientista Paulo Artaxo, do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (Research Centre for Greenhouse Gas Innovation – RCGI), sediado na Universidade de São Paulo (USP) e financiamento da empresa Shell e da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
A plataforma está sendo construída com técnicas avançadas de big data para gerar dados que possam ser usados para monitorar as emissões dos gases; compreender melhor suas causas; e nortear a criação e a fiscalização de políticas públicas voltadas à mitigação de emissões. Ela permitirá acompanhar os compromissos internacionais do Brasil na redução do desmatamento e na emissão de gases de efeito estufa pelo ecossistema Amazônica.
De acordo com Artaxo, a iniciativa permitirá analisar dados de superfície e de satélites sobre as emissões e absorções, incorporando informações de satélites ao longo dos últimos 25 anos, com forte parceria com o sistema MapBiomas – “o conhecimento em tempo real possibilitará fazer projeções, usando inteligência artificial e técnicas avançadas de aprendizado de máquina”. A plataforma será a primeira a unificar a maior parte dos parâmetros que controlam o processo de absorção e emissão de dióxido de carbono e metano para a atmosfera.
O Brasil é o sexto país que mais emite GEEs no mundo, sendo o desmatamento da Amazônia a principal fonte de emissões. No Acordo de Paris, em 2015, e na COP-26, em 2021, o governo brasileiro assumiu diversos compromissos para redução de emissões de GEEs. Até 2030, terá que diminuir as emissões de carbono em 50% e em 30% as emissões de metano, além de zerar emissões de CO2 até 2050.
“Os maiores esforços neste sentido deverão ser concentrados na Amazônia, de onde se originam 47% das emissões dos GEEs no país – a maior parte causada pelo desmatamento. Daí a importância de termos uma plataforma com informações consolidadas sobre as emissões de GEEs”, afirma Artaxo.
A primeira fase, que já está em andamento, é a de coleta de dados de sensoriamento remoto, de superfície e de modelagens já feitas. Essa etapa está sendo realizada em parceria com o MapBiomas, IPAM, INPE, LBA, IMAZON, Torre ATTO, LBA e outros parceiros.
Algumas análises importantes serão possíveis com esses sistemas, tais como o papel da degradação florestal nas emissões, o impacto de El Niño e da La Niña na emissão de gases de efeito estufa, o cálculo das emissões de metano em áreas alagadas, entre outras análises. “Sem essa integração ampla de dados, é impossível termos uma visão da Bacia como um todo para esses cálculos”, finaliza o pesquisador.