Sistema fará análise de emissões na Amazônia

22/03/2022
A plataforma está sendo construída com técnicas avançadas de big data para gerar dados que possam ser usados para monitorar as emissões dos gases.

Um novo banco de dados sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) está sendo desenvolvido na região amazônica. A iniciativa conta com a coordenação do cientista Paulo Artaxo, do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (Research Centre for Greenhouse Gas Innovation – RCGI), sediado na Universidade de São Paulo (USP) e financiamento da empresa Shell e da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

A plataforma está sendo construída com técnicas avançadas de big data para gerar dados que possam ser usados para monitorar as emissões dos gases; compreender melhor suas causas; e nortear a criação e a fiscalização de políticas públicas voltadas à mitigação de emissões. Ela permitirá acompanhar os compromissos internacionais do Brasil na redução do desmatamento e na emissão de gases de efeito estufa pelo ecossistema Amazônica. 

De acordo com Artaxo, a iniciativa permitirá analisar dados de superfície e de satélites sobre as emissões e absorções, incorporando informações de satélites ao longo dos últimos 25 anos, com forte parceria com o sistema MapBiomas – “o conhecimento em tempo real possibilitará fazer projeções, usando inteligência artificial e técnicas avançadas de aprendizado de máquina”. A plataforma será a primeira a unificar a maior parte dos parâmetros que controlam o processo de absorção e emissão de dióxido de carbono e metano para a atmosfera.

O Brasil é o sexto país que mais emite GEEs no mundo, sendo o desmatamento da Amazônia a principal fonte de emissões. No Acordo de Paris, em 2015, e na COP-26, em 2021, o governo brasileiro assumiu diversos compromissos para redução de emissões de GEEs. Até 2030, terá que diminuir as emissões de carbono em 50% e em 30% as emissões de metano, além de zerar emissões de CO2 até 2050. 

“Os maiores esforços neste sentido deverão ser concentrados na Amazônia, de onde se originam 47% das emissões dos GEEs no país – a maior parte causada pelo desmatamento. Daí a importância de termos uma plataforma com informações consolidadas sobre as emissões de GEEs”, afirma Artaxo. 

A primeira fase, que já está em andamento, é a de coleta de dados de sensoriamento remoto, de superfície e de modelagens já feitas. Essa etapa está sendo realizada em parceria com o MapBiomas, IPAM, INPE, LBA, IMAZON, Torre ATTO, LBA e outros parceiros. 

Algumas análises importantes serão possíveis com esses sistemas, tais como o papel da degradação florestal nas emissões, o impacto de El Niño e da La Niña na emissão de gases de efeito estufa, o cálculo das emissões de metano em áreas alagadas, entre outras análises. “Sem essa integração ampla de dados, é impossível termos uma visão da Bacia como um todo para esses cálculos”, finaliza o pesquisador.