Trechos florestais tem 20% a mais de infiltração de água
Segundo previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as regiões Sul e Sudeste têm registrado volumes de chuva acima do normal, principalmente, em razão do fenômeno El Niño sobre o Brasil. No interior paulista, as intensas precipitações expõem uma realidade de deficiência no sistema de drenagem urbana e também a falta de ações para manutenção e conservação das matas nas áreas florestais.
Os principais problemas ocasionados por chuvas de grande intensidade nas cidades estão relacionados à alta velocidade e o curto intervalo de tempo com que as águas chegam aos rios. Isso ocasiona a rápida elevação do curso de água e aumenta o potencial de enchentes como tem sido verificadas em diversas cidades. A falta de projetos e estruturas, como represas e grandes reservatórios, para retenção das águas da chuva nos municípios contribui para situações de catástrofe.
Já nas áreas rurais, os grandes volumes de chuva têm potencial para provocar erosões no solo, podendo provocar o assoreamento dos cursos de água e ao empobrecimento do solo, enquanto as áreas florestais são verdadeiros jardins de chuva e tem papel fundamental para amortecer o impacto das gotas de chuva e reduzir a velocidade do escoamento superficial, como é o caso da Serra do Japi localizada no estado de São Paulo entre os municípios de Jundiaí, Cabreúva, Pirapora do Bom Jesus e Cajamar. Em áreas de floresta, como essa da Serra, ações para a manutenção das matas têm garantido a recarga hídrica para atender as bacias hidrográficas da região.
A Serra do Japi é um dos principais pontos de recarga das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Bacias PCJ) e milhares de pessoas dependem da água dos rios para sobreviver, logo, a preservação por do território é tão importante. “Nos trechos florestais, podemos chegar a patamares de 20% a mais de infiltração de água no solo em relação ao volume de chuva. A conservação das florestas se mostra ainda mais importante em áreas de relevo acidentado, cujo escoamento superficial é facilitado pela ação da gravidade”, disse o engenheiro ambiental e gestor do projeto Olhos da Serra pelo Consórcio PCJ, Eduardo Paniguel.
Nas áreas de florestas, contempladas com ações como as do projeto Olhos da Serra, tem como foco prioritário a conservação da Serra do Japi. “As chuvas nessas áreas têm um potencial maior para recarregar o lençol freático e possibilitam que a água permaneça em seu ciclo dentro das bacias dos rios por mais tempo”, observa. O projeto Olhos da Serra tem como proposta preservar a Serra do Japi, um dos últimos trechos de floresta contínua do Estado de São Paulo. Na segunda etapa do projeto, a área atendida é sete vezes maior que a etapa anterior do projeto, passando de 20 km² para 141 km². Entre as ações que ajudam a reduzir os impactos das chuvas fortes está o monitoramento de focos de incêndio por satélite pela plataforma Suindara e o apoio na articulação sobre a gestão do fogo na região. “O monitoramento colabora para evitar focos de incêndio em todas as áreas da Serra do Japi. As queimadas são prejudiciais e aumentam a erosão do solo em caso de chuvas intensas, já que tiram toda a camada de vegetação importante que favorece a infiltração da água na terra”, explica. O projeto é uma iniciativa do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ) com patrocínio de Coca-Cola Brasil e Coca-Cola FEMSA Brasil.