Marina Silva destaca necessidade de decisão política para universalizar o saneamento básico no Brasil

28/05/2025
Ministra Marina Silva alerta que enfrentar a crise climática passa, obrigatoriamente, por garantir acesso universal ao saneamento e à justiça hídrica.

Durante sua participação no 33º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, realizado em Brasília, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, enfatizou que o Brasil só alcançará a meta de universalizar o saneamento básico até 2030 se houver uma decisão política firme e coordenada.

Marina ressaltou que o desafio vai além das determinações legais, exigindo mobilização nacional, articulação institucional e investimentos estruturados. Ela afirmou: "É preciso que se tenha decisão política, que essa decisão seja priorizada e que existam indicadores de esforço. Isso precisa ser traduzido em recursos financeiros, humanos, ecológicos e em inovação tecnológica".

A ministra destacou que o saneamento básico é fundamental para o desenvolvimento do país, impactando diretamente a saúde pública, a geração de empregos e a educação das crianças. Segundo dados de 2021 do Sistema Nacional de Saneamento, consolidados pelo Instituto Trata Brasil, cerca de 16% da população brasileira não tem acesso à água potável e 44,5% vive sem rede de coleta de esgoto.

Para enfrentar esse cenário, Marina defendeu uma ação conjunta entre o setor público, a iniciativa privada, a sociedade civil e a comunidade científica. Ela também solicitou maior envolvimento do Congresso Nacional, destacando a importância de refletir os indicadores de esforço nas ações dos executivos federal, estaduais e municipais, bem como nas decisões legislativas que movimentam trilhões de reais.

Durante o evento, foi lançado o Espaço COP Saneamento, uma iniciativa da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) que visa reunir soluções e inovações do setor alinhadas à agenda climática global. O projeto será apresentado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém (PA), em novembro.

O presidente nacional da ABES, Marcel Costa Sanches, explicou que o Espaço COP nasce como uma plataforma estratégica para mostrar como o saneamento contribui para os desafios climáticos e para o desenvolvimento sustentável do país. Ele enfatizou que a água é onde as mudanças climáticas são mais sentidas, seja na escassez, seja na abundância.

Marina Silva concluiu destacando que não há como falar em justiça climática sem abordar a justiça hídrica. Ela apontou o saneamento como uma ferramenta importante na redução de emissões de gases de efeito estufa e na transição energética, ressaltando que o tratamento de resíduos pode gerar energia limpa e contribuir para a redução do metano.

A ministra reforçou que, sem ações efetivas no setor de saneamento, o enfrentamento da crise climática será insuficiente.