Ramboll desenvolve tecnologia para avaliar riscos climáticos

23/09/2023
A metodologia visa auxiliar o planejamento portuário e rodoviário que cada vez mais são impactados pelo clima nas operações logísticas

Consultoria multinacional especializada em engenharia e projetos multidisciplinares, a Ramboll está desenvolvendo uma metodologia para avaliar os riscos climáticos, levando em consideração a análise de questões estruturais como o aumento da demanda e a capacidade da infraestrutura existente, bem como o impacto dos fatores de risco climático nos diversos corredores logísticos brasileiros. A metodologia visa auxiliar o planejamento portuário e rodoviário que cada vez mais são impactados pelo clima nas operações logísticas.
 
Entre os projetos desenvolvidos, a Ramboll elaborou em parceria com especialistas (brasileiros e estrangeiros) em gestão portuária uma nova metodologia para a Logística Portuária, que avalia o cenário brasileiro em função da capacidade de cada região portuária e as ações necessárias em termos de adaptação em decorrência do impacto das mudanças climáticas. “A estrutura de transportes brasileira, em particular a portuária e rodoviária, tem como desafios atender o aumento no volume de movimentações previsto por setores como o agronegócio e a geração de energia eólica offshore e, ao mesmo tempo, lidar com os riscos climáticos”, destaca Alejandra Devecchi, Gerente de Planejamento Urbano da Ramboll no Brasil. 

Entre janeiro e julho de 2023, o Porto de Santos escoou 96,279 milhões de toneladas de cargas, das quais 52,8 milhões de toneladas foram de sólidos a granel (o que inclui produtos agrícolas como açúcar, farelo e grãos de soja, milho e trigo), um crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2022. A expectativa é que essa movimentação cresça mais, segundo dados do 12º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A safra brasileira de grãos alcançou novo recorde, com 322,8 milhões de toneladas, um crescimento de 18,4% em relação ao ano passado. 

Com o aumento da movimentação portuária cresce também o risco climático, uma vez que o Porto de Santos é um dos três do País que têm risco elevado de paralisação por conta de ameaças causadas por chuvas fortes, inundações e outras intempéries climáticas. “Isso demonstra que a análise dos investimentos é ainda mais complexa considerando que a simples previsão de demanda futura se tornou insuficiente”, disse Alejandra. 

A Ramboll analisa o impacto das mudanças climáticas com a capacidade de movimentação e expansão de cada região portuária e procura responder a questões que preocupam os operadores portuários, desde a existência de cargas que ainda não foram capturadas – o que representa uma receita não realizada –até, e principalmente, como eles devem elaborar seus planos mestres de expansão, de modo a prever e minimizar os impactos climáticos. “A nova metodologia reavalia essas análises, com um olhar mais estratégico do ponto de vista ambiental, de capacidade, de demanda e gargalos, e traz uma forma de análise de priorização de investimentos totalmente alinhada às melhores práticas internacionais”, explica José Di Bella, especialista em gestão portuária e ex gestor do Porto de Santos.

Di Bella afirma que no lugar de uma análise SWOT (análise de fortalezas, fraquezas, oportunidades e ameaças), a Ramboll oferece um estudo de risco na qual oportunidades e riscos são tratados dentro da mesma matriz e, onde é possível extrair uma classificação de projetos que são mais adequados ou prioritários. Trata-se de uma análise que foge do comum ao mostrar o que está na área de influência dos terminais e que pode ser considerado e aproveitado.
A Ramboll desenvolveu uma metodologia que aprimora a forma de realizar a análise de risco, já implementada em várias capitais do mundo, incluindo o Rio de Janeiro, onde foi adaptada ao entorno portuário. “A nova metodologia possui um arcabouço de instrumentos de análise muito mais abrangente para um planejamento e uma análise de oportunidades com maior sensibilidade. O objetivo é ajudar as empresas a identificarem oportunidades de captação de cargas inexploradas, por exemplo, a fim de melhorar a utilização dos terminais, reduzindo a sua ociosidade e aumentando a geração de receita, ou ainda aqueles terminais que precisam de intervenções mais imediatas”, explica Di Bella.

Entre os projetos na área portuária realizados pela Ramboll ou nos quais a consultoria está atuando, incluem-se o desenvolvimento de um novo porto na região Norte do Pais no Amapá, além da adaptação de um terminal portuário em Santana, também no Amapá, a realização de estudos para uma grande operadora logística, projeto de identificação de site para a construção de um novo terminal portuário para celulose, além do trabalho de consultoria para a ONU e Agência Infra, do Ministério da Infraestrutura, visando a proposição da metodologia para portos e rodovias considerando os impactos climáticos.