Desmatamento de 20 mil campos de futebol é ameaça

28/05/2023
Desflorestamento na Mata Atlântica no período de um ano somou 20.075 hectares

Segundo números da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desflorestamento na Mata Atlântica no período de um ano de outubro de 2021 a outubro do ano passado, somou 20.075 hectares, o que corresponde a mais de 20 mil campos de futebol de futebol em um ano ou um Parque Ibirapuera (SP) desmatado a cada três dias. Com o desmatamento, foram lançados 9,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera. 

Em um ano houve queda de 7% na comparação com o período anterior de 2020-2021 (21.642 hectares), mas a área desmatada é a segunda maior nos últimos seis anos e está 76% acima do valor mais baixo já registrado na série histórica – de 11.399 hectares, entre 2017 e 2018. Dentre os estados que a compõem, cinco acumulam 91% do desflorestamento : Minas Gerais (7.456 ha), Bahia (5.719 ha), Paraná (2.883 ha), Mato Grosso do Sul (1.115 ha) e Santa Catarina (1.041 ha). Oito estados registraram aumento (Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Sergipe), enquanto nove mostraram redução (Ceará, Goiânia, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí,  Paraná, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo). 

Dentre os municípios, dez concentram mais 30% do desmatamento total no período, dos quis cinco são em Minas Gerais, um no Mato Grosso do Sul e quatro na Bahia. As cidades baianas de Wanderlei (com 1.254 hectares desmatados), Cotegipe (907 ha) e Baianópolis (848 ha) lideram o ranking, seguidos por São João do Paraíso (MG, 544 ha), Araçuaí (MG, 470 ha), Porto Murtinho (MS, 424 ha), Francisco Sá (MG, 402 ha), Capitão Enéas (MG, 302 ha) e Gameleiras (MG, 296 ha).

O desmatamento ocorreu em 0,9% de áreas protegidas e em 73% em terras privadas, o que reforça que as florestas estão sendo dizimadas para dar lugar a pastagens e culturas agrícolas. A especulação imobiliária também é apontada como outra das causas principais. A proporção de áreas naturais da Mata Atlântica encontra-se abaixo do limite mínimo aceitável para sua conservação, que é, segundo estudo da revista Science, de 30%. As florestas naturais do bioma encontram-se restritas a espaços extremamente fragmentados - a maior parte não chega a 50 hectares - e, em 80% dos casos, encontra-se em propriedades privadas. 

O desmatamento neste nível mantém o bioma da Mata Atlântica em um alto grau de ameaça e risco, sendo que ele é considerado um dos prioritários no mundo para ser restaurado, levando-se em conta a conservação da biodiversidade e o combate às mudanças climáticas. A conservação e a restauração do bioma são fundamentais para garantir serviços ecossistêmicos para 70% da população e 80% da economia brasileira e combater a emergência das mudanças climáticas. 

Por esta razão, a Fundação SOS Mata Atlântica entende que é preciso tornar a sua recuperação uma prioridade na agenda ambiental e climática, em consonância com a Década da Restauração dos Ecossistemas da ONU e de outras iniciativas internacionais para restauração florestal.