Águas subterrâneas mostram resistência à seca na Bacia do Paranapanema
Uma pesquisa da Unesp, realizada por equipes dos campus de Ourinhos e Presidente Prudente, revela que as reservas de águas subterrâneas na Bacia do Paranapanema mantêm níveis estáveis mesmo durante períodos prolongados de estiagem. O estudo adotou uma metodologia, que integra dados de satélite com medições de campo, evidenciando que os pontos de maior armazenamento subterrâneo não sofrem variações significativas mesmo em cenários de seca severa.
O fenômeno das mudanças climáticas e o consequente deslocamento nos padrões de chuva têm destacado a importância estratégica desses estoques subterrâneos. Segundo a pesquisa, diante de chuvas escassas — como foi o caso de grandes crises hídricas em 2014 e 2024 — os mananciais superficiais como rios, represas e reservatórios sofrem perdas acentuadas. Já os aquíferos da bacia demonstram capacidade de sustentação, fornecendo estabilidade ao sistema hídrico regional.
Especialistas da Unesp e do Comitê da Bacia do Paranapanema defendem agora uma gestão hídrica integrada e estratégica, que combine informações sobre águas subterrâneas e superficiais. Entre as ações recomendadas estão a ampliação da rede de monitoramento piezométrico, o fortalecimento da governança por meio de entes como a ANA e os comitês estaduais, e a implantação de regras operativas para reservatórios que levem em conta o apoio oferecido pelos aquíferos.
A adoção dessas medidas pode aumentar a segurança hídrica, especialmente em regiões onde a agricultura, o abastecimento urbano e a geração de energia dependem tanto dos rios quanto dos aquíferos. A pesquisa ressalta que, diante de eventos climáticos extremos, o uso inteligente das reservas subterrâneas — alinhado à conservação de áreas de recarga — pode ser um recurso essencial para mitigar os impactos da seca na Bacia do Paranapanema.