Concessionárias reaproveitam lodo de ETAs e ETEs

11/06/2023
Empresa tem reaproveitado os substratos das ETEs e ETAs em cinco concessionárias

A Iguá saneamento tem reaproveitado os substratos das Estações de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) em cinco concessionárias do grupo – Agreste Saneamento, Atibaia Saneamento, Spat Saneamento, Iguá Rio e Águas Cuiabá. O material é transformado em adubo orgânico, tijolos ecológicos, argila para a produção de cerâmica e manta biodegradável para forragem do solo. 

O resultado da medida é que o lodo restante das ETEs e ETAs jtem contribuído para a redução do impacto ambiental, além de encerrar o ciclo da água e do esgoto. “A Iguá tem preocupação com o impacto das suas operações no meio ambiente e tem o objetivo de, até 2025, destinar 75% do lodo produzido em suas operações para a agricultura. Mais do que reduzir custos operacionais com o descarte de material em aterros sanitários, o reaproveitamento do lodo é uma alternativa sustentável que fecha o ciclo dos tratamentos de água e esgoto e ainda contribui com a economia local e a geração de renda”, conta Péricles Weber, COO da Iguá Saneamento.

A Águas Cuiabá utiliza o material produzido a partir do lodo das ETEs da capital mato-grossense e o transforma em fertilizante agrícola de alta qualidade. Com isto, a companhia já ampliou em até 150% a produção leiteira. Em parceria com a Prefeitura Municipal e Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT), o biossólido é doado gratuitamente à agricultores familiares garantindo um solo mais fértil. "O capim ficou maior, as folhas cresceram e ficaram mais verdes, e isso refletiu diretamente na produção do leite. Mais que dobrou a produção. Antes conseguia tirar em média oito litros diários por vaca. E hoje já tiro 20", comemora Sérgio Barbosa de Souza que, junto com a esposa Rosenei, trabalham na plantação de capim-açu e receberam da Iguá cinco toneladas do biolodo no início de outubro de 2022. A aplicação da matéria orgânica foi feita em uma área de quatro mil metros quadrados. “O lodo funciona como um condicionador de solo. É rico em nutrientes como o nitrogênio e em matéria orgânica, o que propicia o desenvolvimento da planta. No processo de tratamento do lodo, o insumo ganha outro importante componente, o calcário, que ajuda a corrigir a acidez do solo. A união dessas características resulta em uma produção maior e melhor, reduzindo os custos com adubos químicos”, conclui o engenheiro agrônomo e consultor técnico, Benno Doetzer. 

Já a Agreste Saneamento destina os resíduos das ETAs de forma sustentável. Após o tratamento com a retenção de resíduos resultantes dos processos físicos e químicos, o lodo vira matéria-prima e é destinado para as cerâmicas, para a produção de tijolos ecológicos. Empresas licenciadas parceiras da concessionária já produziram milhares de tijolos utilizados na construção civil. Além dos tijolos, as mantas biodegradáveis (geobags) responsáveis pelo processo de secagem do resíduo também são reaproveitadas. Por meio da parceria com a Secretaria da Agricultura de Arapiraca, as mantas são doadas, junto com as indicações de uso a produtores rurais e, podem ser utilizadas para forragem do solo, técnica conhecida como "mulching", que possibilita otimizar o trabalho do produtor, diminuindo custos e gerando até 40% de economia de água. As mantas também são usadas na agricultura para o cultivo de hortaliças folhosas. “A manta faz o papel de um herbicida natural, evitando o crescimento de ervas daninhas. Com isso melhoro a qualidade do produto”, explica Márcio Roberto dos Santos, produtor rural em Arapiraca e técnico agrícola com especialização em ecologia. 

Na Atibaia Saneamento, desde 2019, a concessionária reaproveita 100% das 40 toneladas mensais de lodo gerado nas ETEs. O material é encaminhado para uma organização parceira da companhia, responsável pela compostagem e produção do adubo orgânico. A utilização do fertilizante apresenta ganhos significativos para o produtor rural, gerando uma economia de até 50%, se comparada com a compra de adubo sintético. Em 2022, a unidade recebeu o certificado de indicadores de valorização e transformação de resíduos da Tera Ambiental, em reconhecimento a contribuição de 446 toneladas de lodo destinados para a compostagem, que resultaram em 172 toneladas de fertilizantes agrícolas e de paisagismo. Ainda no estado de São Paulo, a Spat Saneamento, responsável por oferecer tratamento de água para cerca de quatro milhões de pessoas na região do Alto Tietê, controlada pela Iguá e com a Parceria Público-Privada (PPP) com a Sabesp, desenvolveu na ETA Taiçupeba o primeiro secador térmico para lodo de água do país, obtido a partir de biomassa. De acordo com COO da Iguá Saneamento, a ideia representa uma inovação no setor e otimizou tempo e espaço. Hoje, são tratados em média 35.000 m³ de lodo mensalmente, sendo que todo esse lodo é desaguado na operação e processado pelo secador térmico gerando em média aproximadamente 800 toneladas de massa seca por mês. Além de utilizar o cavaco de madeira reciclado, fonte de energia renovável, o sistema possui capacidade para processar 6.800 kg de lodo por hora. A concessionária já está realizando a análise para a melhor opção de uso do lodo seco.

No Rio de Janeiro, a Iguá Rio realiza a produção de adubo sustentável, com cerca de 300 toneladas/mês de lodo para a compostagem, o que gera 90 toneladas que se transforma em adubo orgânico na Organosolo, empresa que possui como principais clientes os produtores rurais dos estados do Rio, Espírito Santo e Minas Gerais. “A destinação do lodo é a forma mais sustentável de concluir o processo de tratamento de água e esgoto. As ações são imprescindíveis para contribuir com a economia local, geração de renda e impacto ambiental”, conclui Péricles Weber, COO da Iguá Saneamento.