Estudantes usam casca de banana para tratamento de água
A estudante Brenda Ribeiro de Sousa, do Ensino Médio integrado ao Técnico em Química da Escola Técnica Estadual (Etec) Irmã Agostina, desenvolveu em parceria com a colega de turma Julia Staaks Teixeira o projeto ‘Determinação da capacidade biossortiva da casca da banana nanica (cavendish) em água contaminada por cádmio e cobalto’. “Além de rica em fibras alimentares, cálcio, potássio, vitamina C e antioxidantes, a casca da banana possui a capacidade de adsorver metais pesados”, explica Brenda. O trabalho teve orientação de Márcia Freitas da Silva, e auxílio das professoras da disciplina de desenvolvimento de trabalho de conclusão de curso, Aline Ramos e Thais Taciano.
As estudantes tiveram a ideia do projeto ao observarem o descarte de grande quantidade de cascas da banana provenientes da merenda e decidiram estudar as possibilidades de reaproveitamento desse resíduo. “Optamos por pesquisar o tratamento de águas contaminadas por cádmio e cobalto, pois são metais encontrados em grandes quantidades nos resíduos industriais, em empresas de anticorrosivos e do setor têxtil, por exemplo”, acrescenta Julia. A dupla de estudantes criou uma biomassa a partir da casca de banana que acumula as substâncias poluidoras em sua superfície. Julia explica que “a casca de banana é rica em moléculas com carga negativa. Ela atrai os metais pesados, que têm carga positiva”.
O nível de purificação constatado pelas alunas chegou perto de 100%, possibilitando a utilização da água para tarefas como lavagem de louça e cozimento de alimentos. A ideia é que, com pequenas adaptações, a técnica de descontaminação seja adotada em comunidades ribeirinhas. Após a experiência, foi possível realizar o tratamento dos resíduos gerados pelo processo de adsorção para recuperação dos íons de cobalto e cadmio, de forma que pudessem ser reutilizados em novos experimentos nos laboratórios da Etec Irmã Agostina. ‘Determinação da capacidade biossortiva da casca da banana nanica (cavendish) em água contaminada por cádmio e cobalto’ foi apresentado por Brenda e Julia como trabalho de conclusão de curso (TCC) no final de 2024. O trabalho das alunas é um dos 14 projetos de estudantes das Etecs do Centro Paula Souza classificados para a final da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que será realizada no campus Butantã, da Universidade de São Paulo (USP), entre os dias 24 e 28 de março. “Estou bem animada porque participar da Febrace significa uma grande vitória, principalmente para mim, que sou uma mulher periférica”, comemora Brenda. “Nunca imaginei apresentar um projeto nesta que é uma das maiores feiras de ciência e tecnologia do País. Espero servir de inspiração para que outras pessoas com origem semelhante à minha acreditem que é possível”. Para a orientadora Márcia Freitas da Silva, a experiência amplia o conhecimento teórico e fortalece habilidades práticas, como trabalho em equipe, apresentação de ideias e resolução de problemas. “Eventos como a Febrace ajudam na formação de cidadãos mais conscientes e comprometidos com a sociedade, principalmente em temas como sustentabilidade e meio ambiente.”