Desmatamento no bioma cai 13% até maio
Segundo dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento no Cerrado caiu 12,9% nos cinco primeiros meses de 2024 na comparação com o mesmo período do último ano. No mesmo período, a Amazônia apresentou redução de 40,5%. “Os dados recentes sobre o desmatamento na Amazônia e Cerrado nos mostram que estamos em uma correta trajetória de redução da perda de cobertura florestal. A notícia é boa, mas indica também o longo caminho a ser percorrido até que efetivamente o desmatamento acabe”, diz André Guimarães, membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil e diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Para combater de forma eficaz o desmatamento, a Coalizão afirma que é necessária uma abordagem holística que envolva políticas de conservação ambiental, desenvolvimento sustentável, fortalecimento da aplicação da lei e engajamento da sociedade civil. Isso inclui medidas como a implementação e o fortalecimento de áreas protegidas, o incentivo a práticas agrícolas sustentáveis, o reforço da fiscalização e o apoio às comunidades locais que dependem desses biomas para sua subsistência. “Enquanto mais de 60% do território do bioma Amazônia é formado por terras públicas, no Cerrado mais de 80% é composto por fazendas e terras sob gestão privada. Ações de comando e controle tendem a ter mais resultados na Amazônia, onde a grilagem e outras ilegalidades predominam. No caso do Cerrado, o desafio, além de punir irregularidades, é criar incentivos para convencer proprietários que tenham ainda o direito de desmatamento que abra mão disso”, comenta Guimarães.
A implementação do Código Florestal, que passa pela validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), é considerada outra peça central no combate ao desmatamento. Guimarães reforça que é preciso saber quem ainda tem florestas que possam ser desmatadas legalmente, conhecer os limites das propriedades e áreas públicas, além de entender o padrão de uso da terra pelos proprietários. “Esses são alguns dos atributos que um Código Florestal implementado nos trará. Outro ponto importante é que, com isso, os bancos não financiem pessoas e empresas em desacordo com a lei. Para que o Estado cumpra seu papel de fiscalizador, o Código Florestal implementado com o CAR validado é fundamental. Sem transparência não conseguiremos combater o desmatamento”.